domingo, 25 de dezembro de 2011

Para cortar o cabelo

http://www.flickr.com/photos/hairport_lisbon/4544993083/

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Luxúria inteligente

(FSP, 25 out. 2011)

GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

Fantasias sexuais não servem só ao prazer: curam, na teoria do psicólogo americano Stanley Siegel, 64, que acaba de lançar nos EUA "Your Brain On Sex" (como a sua mente influencia o sexo), fruto de pesquisas com clientes em 36 anos de clínica.
Siegel, ex-professor das universidades da Califórnia e do Estado de Nova York, chama de "luxúria inteligente" o método no qual o paciente conecta seus devaneios sexuais com culpas e carências do passado e fica apto a encontrar o parceiro "certo" para a realização dessas fantasias.



Folha - O que quer dizer "luxúria inteligente"?
Stanley Siegel - É o processo que identifica quais são nossas fantasias, conflitos relacionados a elas e como usá-las para achar o relacionamento certo. São seis passos. Vão da reflexão sobre o que nos excita à concretização da fantasia com alguém compatível. Essa compatibilidade ocorre quando seus desejos sexuais complementam os do parceiro e você os representa com alguém em quem confia.

Como o sexo cura?
As fantasias têm origem em conflitos ou necessidade não atendida. Em algum ponto no desenvolvimento da sexualidade, na adolescência ou na juventude, erotizamos esses conflitos para transformar a dor dessas experiências em algo prazeroso. Assim como o corpo tem um sistema imune que age quando estamos feridos, a mente usa as fantasias para curar a dor. Quando compreendemos qual o conflito por trás dos desejos sexuais, podemos usá-los para a cura e criar relações afetivas nas quais concretizamos esses desejos.

Se você era muito criticado na família e erotizou sentimentos ligados a isso, transporta isso para seus desejos como forma de ter controle sobre essas experiências. Porque no sexo você pede para ter esses sentimentos ou os relaciona ao prazer.

Se você pode direcionar esses sentimentos que já foram dolorosos a um parceiro que os concretiza, você se cura -com alguém que não o critica, mas te respeita e te permite representar a fantasia do conflito.

Há alguma pesquisa científica sobre essas fantasias?
Não há pesquisa formal. Os temas vêm de anos de conversas com meus pacientes sobre a vida erótica deles e suas histórias familiares. Percebi o pouco que as pessoas entendiam sobre esse assunto. Alguns não eram sexualmente compatíveis com os parceiros, mas não entendiam o que os tornava incompatíveis.

Quando sabiam a razão da incompatibilidade, muitos ficavam com vergonha, por causa dos tabus sociais. Muitos psicólogos acreditam que erotizamos conflitos como forma de transformar a dor em prazer. É algo bem descrito, especialmente na psicanálise. Mas há uma tendência em transformar as fantasias em patologia. Para mim, elas são formas que a mente tem de se reconciliar com os conflitos.

Como o conflito se revela na fantasia?
A primeira coisa que precisamos entender é a essência das fantasias, o que nos faz chegar ao orgasmo, quais são os pensamentos, as imagens. Por exemplo, se o que nos excita é a humilhação, provavelmente o que está em jogo é uma culpa, uma vergonha, uma sensação geral de inutilidade. Quando entendemos o esquema, recuamos às nossas histórias de vida e vemos que experiências na infância também levaram a sentimentos parecidos. As fantasias se tornam uma janela para a nossa psique.

Mas as associações entre fantasia e conflito que o sr. faz no livro são assim automáticas?
São generalizações e podem ser relativizadas. Funcionam mais para levar a pessoa a refletir sobre o que cada elemento significa para ela. Tatuagem significa sexo selvagem para um e independência para outro. E, em geral, o que leva ao orgasmo é mais o que pensamos do que a interação sexual. O senso comum privilegia o aspecto físico, mas é bem mais complexo. É físico e mente, é pensamento e imagens.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lançamento no Rio de Janeiro

Amigos do Rio:

Na próxima terça, 25 de outubro, às 19h, haverá o lançamento do meu novo livro: O afeto ou Caderno sobre a mesa, pela editora 7 Letras.

Será um lançamento conjunto com a nova coleção de prosa da editora, na livraria Travessa do Leblon.

Eu estarei lá, e adoraria encontrar os amigos.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Limas da pérsia, quadrinhos

Eu e dois ex-alunos queridos, Cadu Luongo e Vivian Ikwueme (roteiro e desenhos, respectivamente), começamos a fazer capítulos em quadrinhos com a história de Limas da Pérsia.

Por minha falta de tempo, o projeto segue devagar. Falta ainda um acabamento gráfico.

Mas gosto de ver as personagens desenhadas, no estilo naïf da Vivian.

domingo, 4 de setembro de 2011

‘Nova geração’ de vovozinhas | Jornal O Fluminense

Na TV Brasil: Episódio de "É a vovozinha", nesta segunda às 20h.
Como estão envelhecendo as mulheres homossexuais dessa geração? Elas carregam os mesmos conflitos com a vaidade e a solidão? A vida delas tem se tornado mais fácil com o passar do tempo? O preconceito tem realmente diminuído? O programa entrevista mulheres que fizeram esta opção para entender como vivem, se relacionam e o que pensam sobre a maturidade feminina.
Da minha amiga Renata Druck.

‘Nova geração’ de vovozinhas | Jornal O Fluminense

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cindy Gallop

Reportagem da revista TPM sobre Cindy Gallop. Texto de Lia Bock.

- - -

Traduzimos o que Cindy Gallop explica – e explicita – em seu livro e em seu site com bom humor e conhecimento de causa.

Comece de cima:
Mundo pornô - Tudo que um cara tem que fazer é enfiar os dedos na vagina da mulher e, instantaneamente, ela estará molhada e ansiosa para começar.

Mundo real - É bem mais fácil para um cara ficar excitado quando uma garota vai direto para o pênis, do que é para uma garota quando o cara vai direto para a vagina. Beijar, tocar os seios e lambidas em geral ajudam a deixá-la estimulada. Use como regra: não toque a vagina de uma mulher até que ela peça por isso (mesmo que seja sem palavras).

Na cara?
Mundo pornô - Os homens adoram gozar no rosto das mulheres e elas sentem muito prazer com isso.

Mundo real - Algumas mulheres até curtem gozo na cara. Outras não. É uma escolha totalmente pessoal e está longe de ser uma unanimidade.

Baba, baby, baby baba

Mundo pornô - Saliva por todas as partes, e sempre o máximo possível.

Mundo real - Algumas mulheres gostam de litros de baba na vagina. Outras não. Alguns homens gostam de saliva no pinto. Outros não. Se você não é louca por isso, diga. Se você é, diga também.

Gozando (de verdade)

Mundo pornô - As mulheres gozam o tempo todo em posições em que o clitóris não está sendo tocado.

Mundo real - Tem que haver algum tipo de pressão rítmica sobre o clitóris para fazer uma mulher gozar. Pode ser com o osso púbico, a língua, os dedos ou qualquer outra coisa, mas tem que ser lá.

Como é que é?
Mundo pornô - As mulheres amam ser chamadas de “putas” e “vadias” enquanto transam.

Mundo real - Algumas pessoas gostam de uma conversinha suja e fazem isso naturalmente. Outras mulheres ficam excitadas por termos picantes. Mas não são todas. Se você não gosta do que está sendo dito durante o sexo, dê um toque. Se você gosta, fale também.

Questão de pele

Mundo pornô - A transa é pautada pelos ângulos da câmera. Isso quer dizer que, na maioria das vezes, as únicas partes dos corpos que se tocam são as genitálias.

Mundo real - Uma das coisas boas no sexo é o prazer da pele na pele. É ótimo transar com os corpos colados. O que não acontece muito nos filmes pornô porque atrapalha a câmera, que quer focar a penetração em close.

É das carecas que eles gostam mais?

Mundo pornô - As mulheres não têm nenhum pelo lá embaixo.

Mundo real - Algumas mulheres fazem depilação total. Outras preferem apenas aparar o excesso. Mas depilação precisa ser vista como uma opção, não como regra.

Lá mesmo?
Mundo pornô - Todas as mulheres adoram sexo anal.

Mundo real - Muitas mulheres não gostam de sexo anal, outras amam. Homens, se perguntem como se sentiriam se alguém enfiasse um pinto em vocês. Pois bem... É ótimo quando todos os envolvidos gostam da ideia. Mas nem sempre acontece.

A hora do engasgo
Mundo pornô - No sexo oral, as mulheres adoram ter a cabeça agarrada e o pinto empurrado à força goela abaixo.

Mundo real - Algumas mulheres podem até gostar, mas, baseado em uma amostra não científica, muitas – muitas mesmo – não gostam. Asfixia, sufocamento e ânsia de vômito durante o sexo são tremendamente brochantes. É uma boa ideia checar se ela é a fim disso antes.

domingo, 7 de agosto de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

O colo vazio das lésbicas

Olá, sr. Pondé

Eu acompanho sempre seus textos, como observadora distante.

Acho curioso como você escreve sobre as mulheres, pois seus textos mostram algumas observações muito verdadeiras, e outras muito equivocadas.

Especialmente sobre sua raiva por mulheres competitivas e masculinas, acho que há um certo recalque, um ódio mal assumido pela competição. O senhor deve saber, intimamente, que uma mulher tem direito de ser masculina e competitiva, se quiser.
Nem toda mulher gosta de se mostar agradável aos homens, e isso é um direito delas. Assim como é seu direito ser desagradável e ofendê-las em seus textos no jornal.

Especificamente sobre as lésbicas... não sei se você as conhece verdadeiramente.

Uma mulher lésbica admira nas mulheres femininas as mesmas coisas que você admira. E também admira, nas mulheres masculinas, a coragem de enfrentar um mundo difícil, em que a masculinidade é negada socialmente às mulheres. Assim como a feminilidade é negada socialmente aos homens. Se não fossem tais barreiras sociais, acredito que você não teria necessidade de ser tão agressivo e pudesse mostrar com mais tranquilidade seu lado gentil.

Não há necessidade de você se preocupar com a "moda" de ser lésbica. Nenhuma mulher se relaciona com outra por moda. As lésbicas sabem que se apaixonar por uma mulher hétero é problema: elas se aproximam muitas vezes por carência, por necessidade de elogios e valorização, mas logo se afastam. As mulheres que gostam de homens não vão deixar de gostar porque estes a tratam mal.

As mulheres hetero gostam de ser objeto do desejo, como você escreve. Mas não esqueça que esse desejo deve ser amoroso, e a agressividade apenas simbólica, no jogo erótico.

Mas muitas vezes o desejo masculino é agressivo de outras formas: violência física, humilhação psicológica, dominação castradora, etc.

Quando as mulheres hetero fogem do desejo masculino, muitas vezes é pelo dificuldade em lidar e enfrentar essa violência. Cada uma tem seus motivos. É preciso compreendê-las e não acusá-las.

Talvez o lesbianismo esteja mais evidente hoje simplesmente porque havia muitas mulheres com tendências homossexuais que se reprimiam. Agora, com ambiente social mais seguro, elas se soltam e aparecem mais.

Fique tranquilo, pois não são o lesbianismo ou o feminismo que o ameaçam. Apenas, talvez, você os tema, porque não está tão seguro assim de sua capacidade de dominar o mundo, como deseja sua fantasia narcisista.

Digo isso friamente, sem desejo de agredi-lo. Você deve saber, com todas as leituras que faz, que o narcisismo é um elemento central de sua personalidade.

Um abraço,
Sabina

Luiz Felipe Pondé

Objetos

HUMILDEMENTE CONFESSO que, quando penso a sério em mulher, muitas vezes penso nela como objeto (de prazer). Isso é uma das formas mais profundas de amor que um homem pode sentir por uma mulher.

E, no fundo, elas sentem falta disso. Não só na alma como na pele. Na falta dessa forma de amor, elas ressecam como pêssegos velhos. Mofam como casas desabitadas. Falam sozinhas.

Gente bem resolvida entende pouco dessa milenar arte de amor ao sexo frágil.
Sou, como costumo dizer, uma pessoa pouco confiável. Hoje em dia, devemos cultivar maus hábitos por razões de sanidade mental. Tenho algumas desconfianças que traem meus males do espírito.

(...)

Mas, falando sério, desconfio de homens que não pensam em mulheres como objeto. Pior, são uns bobos, porque, entre quatro paredes, elas adoram ser nossos objetos e na realidade sofrem, porque a maioria dos caras hoje virou "mulherzinha" de tão frouxos que são.

Imagino o quão brocha fica uma mulher quando o cara diz para ela: "Respeito você profundamente, por isso não vou...".

Pergunto filosoficamente: como achar uma mulher gostosa sem pensar nela como objeto?
A pior forma de solidão a que se pode condenar uma mulher é a solidão de não fazê-la, de vez em quando, de objeto. E esta é uma forma de solidão que se torna cada vez mais comum. E, sinto dizer, provavelmente vai piorar. A não ser que paremos de torturar nossos jovens com papinhos politicamente corretos sobre "igualdade entre os sexos".

Igualdade perante a lei (e olhe lá...). No resto, não há igualdade nenhuma.
A feminista americana Camille Paglia, recentemente, em passagem pelo Brasil, disse que muitas das agruras das mulheres heterossexuais se devem ao fato de elas procurarem "seres iguais a elas" nos homens. Que pensem como elas, sintam como elas, falem como elas.

Entre o desejo "correto" de ter um "eunuco bem-comportado" e um homem que diga "não" à tortura da "igualdade entre os sexos", ficam sozinhas com homens que são "mulherzinhas".

O que é um homem "mulherzinha"? É um homem que tem medo de que as mulheres achem-no machista, quando, na verdade, todo homem (normal) gosta de pensar em mulher como objeto.

Um mundo de "mulherzinhas" acaba jogando muitas mulheres no colo (vazio) de outras mulheres por pura falta de opção. E aí começa esse papinho de que é "superlegal ser lésbica". Afora as verdadeiras, muita gente está nessa por simples desespero afetivo.
Nada contra, cada um é cada um. Só sinto que muitos homens "desistam" delas porque a velha "histeria" feminina da qual falava Freud (grosso modo, a insatisfação eterna da mulher) virou algo do qual não se pode falar, senão você é machista.

Muito desse papinho "progressista" é conversa fiada para esconder fracassos afetivos, a mais velha experiência humana, mas que nos últimos anos virou moda se dizer que a culpa é do capitalismo, da igreja, do patriarcalismo, da família, de Deus, da educação, do diabo a quatro.

E o pior é que quase todo mundo tem medo de dizer a verdade: uma das formas mais profundas de amor à mulher é fazer delas objeto.

(FSP, 11/07/11)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

domingo, 10 de julho de 2011

Special Report: The Female Factor

Do International Herald Tribune

Room to Live and Love in China's Cities

FOTOS

By DIDI KIRSTEN TATLOW
Published: June 28, 2011

BEIJING — Shortly after they met, Wu Zheng shocked her girlfriend, Charlene Lee, by kissing her on a Beijing street.

“I said, ‘What, you do that here?’ I’m from Singapore, and we’re conservative. There is that constant fear,” recalled Ms. Lee, 30.

“I felt it was no problem,” said Ms. Wu, 30, a native Beijinger, grinning at Ms. Lee as she stirred a bloody mary in a cafe.

It wasn’t. Lesbians in China today are remarkably free, the result of profound social changes over three decades of fast economic growth, and of being female in a society that values men far above women. Invisibility provides lesbians with room to live and love amid the anonymity of China’s millions-strong megacities.

“I think people are more tolerant of female gays than male gays,” said Li Yinhe, a sociologist at the Chinese Academy of Social Sciences. “China is a very patriarchal society, so people feel if a man is gay that’s really shameful.”

“Traditional society basically overlooks women in some ways, and there is a certain freedom in that,” she said. “But that free space isn’t necessarily power.”

Lesbians’ freedom exists in a gray area. Like male homosexuals, lesbian couples cannot marry or legally form a family, creating problems in separation, illness or inheritance issues. Confronted too openly, relatives often object, too.

“Chinese people can accept people being lesbian or gay. But not within their own family,” Ms. Wu said, who is an events manager and plans to start an online sex toy business.

“In China it’s very weird,” Ming Ming, a lesbian documentary filmmaker, said. “If you don’t talk about it, it doesn’t exist. But actually it’s not at all easy. The pressure to marry is enormous.”

Traditionally, men are expected to carry on the family line, creating greater pressure on male gays to marry. In theory, that offers lesbians greater freedom. But in practice, “It’s a huge loss of face for a family when a daughter doesn’t marry,” said Ms. Ming.

Also, China’s one-child policy has produced around 140 million only children, Ji Baocheng, president of Renmin University of China, told the official People’s Daily newspaper in March. This has increased pressure on lesbian only daughters to produce offspring.

Lesbianism was officially taboo until 1997, when “hooliganism,” a catchall term that included homosexuality, was struck off the criminal code.

The Communists’ narrow morality in the decades after the 1949 revolution contrasted with the preceding Republican period and the end of the last imperial dynasty, when women refusing marriage — many of them lesbians — gathered in villages in southern Guangdong Province to “comb their own hair,” as noted recently in People’s Daily. The phrase refers to the traditional practice of women tying their hair in a bun when they marry.

Today, most major cities in China have lesbian bars or cafes offering support groups, talks and parties. In Beijing and Shanghai there are gay pride events, held privately in the hope of avoiding cancellation by the authorities (as happened this month with the biennial Beijing Queer Film Festival. The festival went ahead anyway, “guerrilla-style,” organizers said.)

State media discuss lesbianism and commitment ceremonies, and the official Legal Daily newspaper even reported on a survey showing that about half of lesbians had experienced violence from relatives or partners.

Campaigners for gay marriage say they are gaining ground, though very slowly.

In terms of personal behavior, “The change is coming faster and faster,” said An Ke, organizer of Lala Salon, a weekly lecture and discussion at Half Dozen, a bar in Beijing.

Speaking after a recent salon — on rape in eastern Congo — Ms. An said lesbians are, cautiously, “coming out.”

Sontag por Annie Leibovitz

Sontag

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Miriam Martinho



DÉCADA DE 80: INÍCIO DA ORGANIZAÇÃO LÉSBICA NO BRASIL

A organização lésbica no Brasil surge no início de 1979 dentro do incipiente Movimento Homossexual Brasileiro (MHB), mais precisamente no grupo Somos de São Paulo. Forma-se nesse grupo um subgrupo de mulheres, em função de uma matéria sobre lésbicas para o Lampião da Esquina (maio de 79), que depois se consolida de forma autônoma em relação ao grupo misto. Como na época, o feminismo estava em seu auge e a questão de gênero sempre foi um problema dentro do Movimento Homossexual (hoje LGBT), este subgrupo, identificando-se com o feminismo, se autodenomina subgrupo lésbico-feminista, registrando também outras variantes deste mesmo nome até separar-se do grupo misto (maio de 1980), quando passa a chamar-se Grupo Lésbico Feminista (LF). Este grupo por sua vez, já no final de 1980, sofre um racha e enfraquecido subsiste até meados de 1981, sendo formalmente substituído pelo Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) em outubro de 1981. O GALF, por sua vez igualmente, será o único grupo lésbico a subsistir por toda a década de 80 até 1989, quando cede sua vez à Rede de Informação Um Outro Olhar, formalmente constituída em abril de 1990. Essas diferentes denominações e substituições correspondem a mudanças não só nos coletivos que formaram esses grupos (que tem elos em comum) como nas influências ideológicas que os nortearam, cuja abordagem foge dos objetivos desse artigo.

Aqui interessa apenas lembrar que o Movimento Homossexual, que nasce em 1978 e tem seu pico de expansão em 1980, começa a declinar a partir de 1981, mergulhando numa grande crise até 1983/84, devido a conflitos internos e a duas questões que se mesclaram numa combinação explosiva: o questionamento sobre a identidade homossexual e a chegada da AIDS, alcunhada em seus primórdios de câncer gay, peste gay. De meados da década de 80 até o início da década de 90, o Movimento Homossexual viverá numa espécie de limbo político, subsistindo graças aos esforços heróicos de grupos como o GALF (SP), GGB (BA), Triângulo Rosa (RJ) e Dialogay (SE), embora outras agremiações femininas, masculinas ou mistas tenham surgido nesse período, todas contudo de vida efêmera.

Por outro lado, o Movimento Feminista (MF), para onde as lésbicas migram por falta de opção inclusive, vive seu ápice na década de 80, ocupando na mídia, ainda que de forma mais modesta, o lugar que hoje ocupa o Movimento LGBT, com feministas escrevendo em colunas na grande imprensa, coordenando programas de TV e tendo suas reivindicações sendo incorporadas à sociedade em geral.

No que tange às lésbicas, contudo, o Movimento Feminista foi uma verdadeira madrasta. Após o impacto do aparecimento do subgrupo lésbico-feminista em eventos feministas, em 1980, o MF vai absorver individualmente as militantes do LF bem como de outros grupos lésbicos que existiam então (Terra Maria) ao mesmo tempo em que despolitiza a questão lésbica. Ainda que permitindo uma ou outra palestra ou oficina lésbica em seus encontros ou mesmo dando apoio eventual a manifestações lésbicas (como a do 19 de Agosto), liberalidades sempre seguidas da admoestação de que a questão de gênero era a mais importante e não havia espaço para grupos lésbicos específicos, a política do Movimento Feminista para lésbicas, durante toda a década de 80 e 90, posição só alterada em 2002, foi a da invisibilidade. As feministas homossexuais, em número razoável dentro do MF, ou simplesmente se omitiam sobre a questão lésbica (como se não tivessem nada com isso) ou hostilizavam abertamente todas as tentativas de politização do assunto.

São Paulo, 29 de agosto de 2006

Fonte: Um outro olhar.

Do site do PSTU

O MOVIMENTO NO BRASIL

"Em 1977, os estudantes tomavam as ruas para exigir a anistia dos presos e exilados políticos. Era o começo do fim da ditadura. A retomada do ascenso fez com que diversos setores da sociedade buscassem se organizar. A imprensa "alternativa" se multiplicou rapidamente. E os setores oprimidos e explorados da sociedade exigiam seu espaço. Em meio à este processo surgiu o jornal Lampião de Esquina, com o objetivo de enfocar a luta de todos os chamados "setores oprimidos" (mulheres, negros, índios e homossexuais) mas que, na prática, era quase que totalmente voltado para a comunidade homossexual. A idéia inicial de lançamento do jornal "nasceu" com a visita de um jornalista gay norte-americano, Winston Leyland, que veio à América Latina, no final de 1977, para recolher material para escrever uma antologia sobre a produção literária de autores homossexuais. Sua visita acabou desencadeando a reunião de um grupo de jornalistas, escritores e intelectuais responsável pelo lançamento do número zero do jornal em abril de 1978.

Além do surgimento do Lampião, outros fatores iriam contribuir para a formação do primeiro movimento homossexual brasileiro. Também em abril de 78, entre os dias 24 e 30, a revista Versus promoveu um ciclo de debates denominado "Semana do Movimento da Convergência Socialista", cujo o objetivo era elaborar a plataforma política de um futuro Partido Socialista Brasileiro. Durante estes debates um "incidente" provocado pela não convocação do Lampião, acabou resultando em uma intensa discussão sobre o relacionamento entre a esquerda e os homossexuais. A grande importância desde debate foi que ali se deu a primeira discussão pública sobre a homossexualidade e seus aspectos políticos.

Após este debate um grupo integrado por dois editores do Lampião, e outro homossexuais fundaram o Núcleo de Ação pelos Direitos Homossexuais, que apareceu à público pela primeira vez para denunciar a forma preconceituosa como o jornal Notícias Populares tratava os homossexuais. Em dezembro de 78, o grupo passa a adotar o nome de SOMOS - Grupo de Afirmação Homossexual. E em fevereiro de 1979, após a participação em um ciclo de debates na Universidade de São Paulo, o SOMOS cresceu significativamente, reunindo cerca de 100 homossexuais (aproximadamente 80 homens e 20 mulheres).

Desde sua fundação, um setor do SOMOS havia privilegiado uma atuação estreitamente ligada aos setores oprimidos da sociedade, as mulheres e os negros (apesar de que nem sempre tenha havido reciprocidade nesta tentativa). A primeira aparição pública do SOMOS, em uma mobilização, se deu no dia 20 de novembro de 1979 (Dia de Zumbi dos Palmares, ou Dia Nacional da Consciência Negra), em uma passeata convocada pelo Movimento Negro Unificado. Nesta passeata os ativistas do SOMOS portavam uma faixa onde se lia "Pelo fim da discriminação racial - SOMOS - Grupo de Afirmação Homossexual."

FONTES:

Dyer, Richard, "Now you see it: Studies on Gay and Lesbian Films", London, Routledge, 1990.

Lima, Delcio Monteiro, "Os homoeróticos", RJ, Francisco Alves, 1983.

MacRae, Edward, A construção da Igualdade: Identidade Sexual e Política no Brasil da "Abertura", Campinas, Editora da Unicamp, 1990.

Mantega, Guido (coord), Sexo e Poder, SP, Brasiliense, 1979

Míccolis, Leila & Daniel, Herbert, Jacarés e Lobisomens: dois ensaios sobre a homossexualidade, RJ, Achiamé, 1983

Okita, Hiro, Homossexualismo: da Opressão à Libertação, SP, Proposta Editorial, 1981.

Perlongher, Nestor, O Negócio do Michê, SP, Brasiliense, 1987

Trevisan, José Silvério, Devassos no Paraíso: a homossexualidade no Brasil, da Colônia à atualidade, SP, Max Limonad, 1986.

Teka, Marisa, Cristina, Nádia, Conceição, Míriam

Relação de grupos de ativismo homossexual surgidos a partir da divulgação da experiência do Somos/SP in Uma Conversal Informal sobre Homossexualismo. Rita Colaço. RJ: do autor, p. 64.




Míriam Martinho disse...

Rita, boa noite!

Só um reparo: o lésbico-feminista se iniciou em maio de 1979 não em dezembro, ok?

Abraço,

Míriam
27 de abril de 2009 22:47

R.Colaço disse...

Míriam, Boa Noite!

A primeira referência que encontrei no Lampião sobre o Lésbico-Feminista é no nº 16, de setembro de 1979. Trata-se de uma matéria do Somos falando de sua estrutura organizativa e atividades e nomeando os subgrupos existentes.

Ali ele é tratado como: "[subgrupo de] Atuação Lésbico-Feminista".
28 de abril de 2009 22:02

R.Colaço disse...

Míriam, há registro no Lampião de mulheres no Somos/SP nos números:
Nº 13, Junho de 1979, pág. 5
“Viva São Paulo – Um Roteiro para Mulheres”

Autoria: “nós, as mulheres homossexuais que participamos do número anterior deste jornal”.

Entrevistas com Teka, Marisa, Cristina, Nádia, Conceição, Míriam.

Se foi publicado em junho, presume-se que tenha sido fechado em maio.

Nesta matéria, as mulheres afirmam sua participação em matéria publicada no número anterior, maio, presumivelmente fechado em abril.

Contudo, não assinam enquando subgrupo ou grupo lésbico-feminista, mas, sim, como "grupo Somos".
28 de abril de 2009 22:29

Míriam Martinho disse...

Rita,

o marco inicial do LF é a matéria que saiu no Lampião de maio de 79 (Amor entre Mulheres, Só queremos ser entendidas). Em abril desse ano, as mulheres do Somos se reuniram para fazer essa matéria e, a partir daí, continuaram juntas e formaram o lésbico-feminista.

Então, o LF nasce realmente em maio de 1979, mas há um fato curioso sobre o grupo: ele teve quase tantas denominações quantos anos de vida...rsss Listei algumas delas em uma matéria que fiz para a revista Um Outro Olhar.

Nessas, algumas vezes, o grupo aparece só como mulheres do Somos, núcleo lésbico-feminista do Somos, facção lésbica-feminista do Somos, etecetera. Depois que o grupo oficializa sua saída do Somos, em maio de 80, e se assume como grupo lésbico-feminista também continuaram a aparecer variações do nome. Coisas da época...rssss

Abs,

Míriam

Lista de Grupos Homossexuais de 1984

Lista de Grupos Homossexuais de 1984

Ação lésbica-feminista no Brasil

Um outro olhar, online

Abaixo, sumário cronológico da organização lésbica no Brasil que permanecerá aberto a acréscimos e atualizações. Envie sua contribuição!

Anos 80 - Organizações

1979-1981 – Grupo Lésbico Feminista (LF) – SP

1981-1988 - Grupo Ação Lésbica Feminista(GALF-SP)

Grupo Terra Maria Opção Lésbica (SP)

Grupo Libertário Homossexual (BA)

Grupo Terceira Dimensão (RS)

Grupo Gaúcho de Lésbicas Feministas (RS)

Rede de Informação Um Outro Olhar (1989 – gestão)

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As literatas

O primeiro grupo de lésbicas no Brasil, foi organizado em São Paulo, na década de 60:- AS GRACIOSAS-: acolhendo as lésbicas discriminadas pela sociedade, expulsas de seus lares, quando assumiam seu amor pelas iguais.Não era um grupo formatado politicamente, não havia estatuto /regimento interno, o que comandava a ação destas nossas percussoras era a emoção, eram militantes do sentir pleno, da solidariedade, da resistência.

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DOCUMENTO E IDENTIDADE: O MOVIMENTO HOMOSSEXUAL NO BRASIL NA DÉCADA DE 80

ELAINE MARQUES ZANATT

Em meados de 1985, iniciaram-se os convites para as doações e o recolhimento dos acervos do movimento homossexual, por iniciativa do professor Marco Aurélio Garcia, na época diretor docente do Arquivo Edgard Leuenroth. A notícia de que diversos grupos do movimento homossexual estariam dispostos a encaminhar, como doação, a papelada reunida durante os anos de militância veio ao encontro dos interesses do
AEL, que possuía, como um de seus temas principais, os movimentos sociais. Entre esta data e o início dos anos 90, foram doadas diversas e valiosas coleções documentais de grupos de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, trazidos ao AEL por militantes ou por seus familiares.

(...)

FUNDO OUTRA COISA


O Grupo Outra Coisa - Ação Homossexualista foi fundado em maio de 1980, em São Paulo, a partir de um racha dentro do grupo Somos, em função da não concordância com o encaminhamento político partidário que alguns participantes do grupo vinham tendo.

A documentação do Outra Coisa reúne manuscritos das reuniões de fundação do grupo, anotações de reuniões internas, de organização de eventos e encontros, listas de endereços, expedição e controle de correspondência; reúne, ainda, manuscritos do movimento homossexual sobre diversas questões, assinados em conjunto com outros grupos homossexuais; e também, manuscritos dos seguintes grupos: Somos, Grupo Gay da Bahia, Ação Lésbico-Feminista, Alegria, Alegria, Auê, Eros, Facção Homossexual da Convergência Socialista, Grupo de Negros Homossexuais, Liga Eloinista, Somos/MA, Somos/RJ, Terra Maria - Opção Lésbica e do Movimento Homossexualista Autônomo; correspondência ativa (1981 a 1983), passiva (1980 a 1984/1990)32 e de terceiros (1982 a 1986); textos diversos; panfletos do movimento homossexual, feminista e de outros movimentos sociais; dossiês: Cisão do grupo Somos, Memória do Movimento Homossexual, Bandeirante Destemido - o Guia Gay de São Paulo, de 1981, Movimento Homossexual de Barcelona, Literatura e Poesia Homossexuais, Richetti, Chrysóstomo; recortes variados cobrindo toda a década de 80, organizados na sua origem por tema de interesse. A coleção possui também livros, folhetos e periódicos.

O Fundo Outra Coisa contém a documentação pessoal de Zezé Melgar. Esta documentação está apresentada como uma série documentação pessoal e reúne sua correspondência no período entre 1969 a 1987; bilhetes, anotações pessoais e de reuniões, textos, alguns dossiês, tais como: religião e movimento de mulheres e publicações do Movimento Homossexualista Autônomo.

Phranc, II

Phranc

Naked & Proud





http://www.otis.edu/life_otis/library/collections_online/wbimages.html

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Jill Johnston Taught Me to Be a Lesbian



Copiado de Ms. blog Magazine:

Jill Johnston was the boldest lesbian of her time. I religiously read her Village Voice columns in the 1970s and ’80s, and her classic book Lesbian Nation was probably the first I ever saw with the word “lesbian” in the title.That was my coming-of-age time as a lesbian feminist, and push-the-envelope Jill Johnston serving as the standard bearer of the cause, both sexual and political.

When I read that Johnston died on Sept. 18 at age 81, I immediately wanted to re-read some of those experimental, stream-of-consciousness writings. And what do you know, I actually found a file where I kept of dozens of these. So, randomly, some of her musings:

"Imagine that the women in charge of the film industry use their power to ridicule men’s liberation, presenting [men] in films as a bunch of frustrated studs, deluded into thinking they can be women, burning their jockstraps and waving signs – but always ending up in the boudoir of a condescending woman, always giving up the struggle and being happily subservient to her." ["Women and Film," July 12, 1973]

Whatever Happened to Feminist Critiques of Monogamy?

A short archive of the Feminist Seventies Conference
Centre for Women's Studies, University of York, England
27th April 2002


Revisiting the best-selling confessional novels of the 1970s
Mary Joannou

The best selling 'classics' of the women's movement including Lisa Alther's Kinflicks, Anja Meulenbelt's The Shame is Over, Kate Millet's Sita, Marilyn French's The Woman's Room, Rita Mae Brown's Ruby Fruit Jungle and Erica Jong's Fear of Flying originate din the United States. But they were read and discussed by countless women in Britain and throughout the world. This workshop will explore a number of questions relating to the feminist sexual confessionals of the 1970s: Why were they read so avidly? What kinds of relationships between cultural analysis, consciousness-raising and political praxis do such novels suggest? Was the feminist best-seller a contradiction at a time when feminists themselves were often pilloried? Was the expression of sexual desire fiction written by women (heterosexual as well as lesbian) liberating per se? and did this have different meanings for men and for women? To what extent were these novels able to politicise women as part of a process of consciousness-raising?

This workshop will be based on ideas developed in my recent book on women's writing, Contemporary Women's Writing from The Golden Notebook to The Color Purple (2001). I hope to circulate extracts from some of the above novels for discussion and that other women will wish to talk about the fiction which influenced them, perhaps bringing their own books or extracts. I want to ask how well the feminist confessionals have survived after they have been cut adrift from their moorings in the women's movement? I am particularly interested in the responses to this fiction of younger women who may not have been born in the 1970s.



Whatever Happened to Feminist Critiques of Monogamy?
Stevi Jackson and Sue Scott

During the 1970s (hetero)sexuality was identified as a key site of women's subordination. Feminists sought to enhance women's sexual autonomy, to secure the right to define our own sexualities, to resist sexual coercion and exploitation, to contest male-defined definitions of sexual pleasures and practices and to explore our own desires. One central feature of these debates, which is now frequently forgotten, was an emergent critique of monogamy that cut across other differences (between lesbians and straight women, between self-defined socialist and radical feminists). Drawing critically on the ideas of the sexual revolution and on older socialist and egalitarian traditions, as well as on more recent analyses of patriarchal relations, monogamy was questioned as a cornerstone of patriarchal privilege, enshrining men's rights over women's bodies, and as central to an ideology of romantic love through which women's compliance was secured. More radically, it was seen as antithetical to egalitarian sexual relations: it reduced human beings to property, promoted destructive emotions such as jealousy and emotional dependency as positive proofs of 'love' and impoverished our wider social relations. In this paper we will chart the rise and fall of feminist critiques of monogamy, question how and why these ideas came to be sidelined in subsequent debates about sexuality, despite the decline of life-long monogamy as a way of life within the general population. In particular we will focus on the ways in which feminists have unwittingly bought into some commonsense ideas about sexuality that were once questioned: in particular the 'specialness' of sexual relationships, the idea that sexual intimacy is somehow superior to all other forms of intimacy, that 'fidelity' in relationships is synonymous with sexual exclusivity. Finally we will suggest ways of reformulating a contemporary critique of monogamy.

Revolution and Assimilation:
The Cultural Work of U.S. 1970s Lesbian Fiction

Yvonne Keller

Teresa de Lauretis argues that pro-lesbian critics and artists must "redefin[e] the conditions of vision" to make lesbians representable, and insists that this is a quite difficult endeavour. This paper takes up and specifies her argument by looking at U.S. (and U.S.-published) lesbian experimental fiction of the 1970s-the blossoming of a radical and prolific fiction of liberation within the context of the women's and gay liberation movements-to unpack the complicated issues of autonomy, resistance, and assimilation by contrasting formally experimental with non-experimental novels on the multiperspectival theme of vision.

I argue that autonomous, inassimilable lesbian representation, that which Bertha Harris calls "great," is both impossible and necessary. In the end, I show how the bold strangeness and disorienting qualities of works such as those by Monique Wittig and Bertha Harris combined with the high sales of "positive" images such as that of Rita Mae Brown and Isabel Miller helped create a cultural politics of difference that allowed the culture and lesbians to "see" lesbians differently. I argue that, while still caught inescapably in dominant ways of representing the Other (invisibility, spectacularization), the work of the 1970s uses, rejects, and improves on the lesbian pulp novels of the 1950s and early sixties that preceded it, specifically in terms of the structures of looking, thereby broadening immeasurably the possible modes of lesbian representation.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sex Talk, Dorothy Allison

"Em 1975, na aula de criação literária de Bertha Harris, o desafio mais controverso que ela no fez foi escrever uma história sobre sexo oral com outra mulher sem usar nenhum dos clichés ou lugares comuns de contos eróticos. Isso se mostrou uma tarefa notavelmente difícil e complicada. Numa tentativa de facilitá-la, eu organizei uma lista de todas as palavras que eu não poderia usar. Em uma página enumerei cerca de trinta palavras para os genitais femininos, outras quinze gírias para sexo oral, e ao menos cinquenta apelidos humilhantemente explícitos. Ler a página em voz alta inevitavelmente levava a sorrir, mas também me fez sentir vagamente deprimida e triste."

(em Skin: talking about sex, class & literature, Dorothy Allison, 1994)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

James Brown

Entendam como queiram.

domingo, 12 de junho de 2011

A lenda da literatura feminina

Machismo de Naipaul faz rir, dizem críticas

Debate sobre gênero foi substituído pelo da literatura digital e da produção da periferia

JOSÉLIA AGUIAR
COLUNISTA DA FOLHA

Há três décadas, uma frase como a de V.S. Naipaul, para quem é possível reconhecer o texto de uma mulher já no primeiro parágrafo, talvez incendiasse o circuito literário brasileiro.

O efeito, porém, foi o mesmo de uma biribinha.

Professoras e críticas procuradas pela Folha para comentar a declaração recente do Nobel de 2001 reagiram com risos, muxoxos e até leve indiferença.
"A coisa pegava fogo na década de 1980", recorda-se Heloisa Buarque de Hollanda, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e uma das mais ativas em júris e debates contemporâneos. "Existem hoje questões mais presentes no debate literário, como a literatura digital e a periferia", explica.

Isso não quer dizer que a temática feminina tenha desaparecido da obra de ficcionistas ou poetas. "Por parte de algumas autoras, é claro que há deliberada intenção de revelar a subjetividade da mulher. É o texto que quer ser assim identificado", ressalta Beatriz Resende, professora na UFRJ e na Unirio.

Os estudos de gênero também continuam a ser uma das linhas de força da crítica, como lembra Maria Esther Maciel, ficcionista, professora na UFMG e parte do atual júri do Prêmio Portugal Telecom. "Eles têm contribuído para a recuperação de escritoras ignoradas ou esquecidas ao longo dos séculos, bem como para a visibilidade de vozes literárias das chamadas minorias sexuais."

O que fez da declaração de Naipaul motivo mais de riso que de siso é a ideia de que há uma "literatura feminina" inescapável pelas autoras.

"O pensamento de Naipul é próximo ao de Rousseau no século 18", avalia Carla Rodrigues, doutora em filosofia, autora de "Coreografias do Feminino".

Sobre a polêmica de Naipaul, a crítica Leyla Perrone-Moisés diz que preferia lembrar o que disse Clarice Lispector: "Quando escrevo, não sou homem nem mulher, sou homem e mulher". Como prova, acrescenta a professora aposentada da USP, o narrador de "A Hora da Estrela" é um homem.

MAN BOOKER PRIZE

A reação das críticas literárias brasileiras é parecida com aquela ocorrida em Londres, na semana passada, quando Naipaul deu tal declaração.
"Estou fora dessa briga", respondeu à Folha a escritora e crítica Carmen Callil, a mesma que, semanas atrás, se retirou do júri que concedeu o Man Booker Prize internacional ao escritor americano Philip Roth.
"E minha decisão sobre Roth não tem a ver com feminismo", repetiu Callil, que fundou a editora feminista Virago em Londres em 1973.

Prêmios como o britânico Orange Prize, dedicado apenas a autoras e cujo resultado saiu na última quinta, não reforçam o preconceito? "Prêmios como esse são tentativas de lembrar às pessoas quais são as condições do mercado", explica John Freeman, editor da Granta, revista literária cujo número atual é todo dedicado a mulheres.
"Nas páginas culturais, onde se levantam ou derrubam prestígios, homens aparecem mais que mulheres", explica.

Freeman acrescenta que "gêneros são rótulos convenientes e, às vezes, formas convenientes, apenas isso".

(FSP, 11 jun. 2011)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Idéias para 2012

Acordei com idéias para meu querido novo livro, que infelizmente precisa hibernar à força até o próximo ano, enquanto termino o doutorado.

O projeto de fazer uma comédia, em estilo parecido aos filmes do Woody Allen, permanece. Mas antes eu pensava em filmes melancólicos, como Hanna e suas irmãs. Hoje me ocorreu que o estilo comédia louca é melhor. Annie Hall, Desconstruindo Harry, Poderosa Afrodite.

Em vez de uma única protagonista, seriam dois: uma lésbica e seu ex-marido, que são amigos e trocam figurinhas sobre as neuroses das novas namoradas de ambos, potencializadas pelas neuroses deles mesmos.

Os capítulos seriam dedicados a essas "participações especiais": a cada capítulo, uma namorada neurótica.

Um título possível: "As mulheres e meu ex-marido".

Para quem suspeitar de semelhanças com minha vida pessoal, vale o aviso: os livros são sempre melhores, porque a gente escolhe as cenas e revisa o diálogo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estruturou-se um troca-troca



A nível de
João Bosco

Yolanda e Adelina
são muito unidas
e se fazem companhia
todo domingo
que os maridos vão pro jogo.
Yolanda aposta
que assim a nível de Proposta
o casamento anda uma bosta
e a Adelina não discorda.
Estruturou-se um troca-troca
e os quatro: hum-hum... oqué... tá bom... é...
Só que Odilon, não pegando bem a coisa,
agarrou o Vanderley e a Yolanda ó na Adelina.
Vanderley e Odilon
bem mais unidos
empataram capital
e estão montando
restaurante natural
cuja proposta
é cada um come o que gosta.
Yolanda e Adelina
bem mais unidas
acham viver um barato
e pra provar
tão fazendo artesanato
e pela amostra
Yolanda aposta na resposta.
E Adelina não discorda
que pinta e borda com o que gosta.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Máxima do dia

Frase que ouvi ontem: "Figurinha repetida não enche álbum."

domingo, 22 de maio de 2011

Flexões lésbicas

Gostei do estilo desse blog, principalmente a técnica de palavras riscadas. Ironia, ambiguidade, incertezas... recurso simples com muitos significados. Pena que o editor do blogspot não tem esse recurso (eu não achei).

- - -

Casamento gay

Dia 05 de maio de 2011 se tornou uma data histórica para todas as bee do Brasil, o STF reconheceu o casamento gay a união estável entre pessoas de genitálias iguais. Mas e aí?

Conceitos

Olá, fanchas do meu Brasil varonil (odeio essa expressão, mas preciso começar o post de alguma forma)!!! Finalmente eu voltei da minha viagem para o Rio onde fui fazer turismo sexual visitei o Cristo e fiquei apreciando a bela vista da cidade.

Mas não é minha viagem a Londres ao Rio que nos interessa aqui. É hora de sentar na cadeira, recuperar o tempo perdido e aprender alguns conceitos básicos dessa nossa vidinha LGBTT!

sábado, 14 de maio de 2011

Malu Mulher

UMA AMIGA ASSUSTA MALU E ACABA NÃO INDO AO AR

O complicado relacionamento de Malu (Regina Duarte) com uma amiga intima (Ângela Leal), tema do que seria o próximo episódio de Malu Mulher, parece que terá de ficar, mesmo, entre quatro paredes. Depois de gravado, programado, cancelado, reprogramado com cortes, tudo isso em alguns meses de discussão, o episódio, intitulado A Amiga, foi de novo cancelado. E tudo indica que definitivamente.

A direção da Globo não deu maiores explicações sobre o cancelamento, mas fica claro que a discussão chegou ao fim com a vitória do ponto-de-vista defendido pela censura interna da emissora: a história, de Euclydes Marinho, seria excessivamente ousada para a televisão brasileira.

Sob a direção de Paulo Afonso Grisolli, o episódio que iria ao ar na próxima quinta-feira teve, entre seus cortes, uma cena em que Malu, depois de embriagar-se, acorda nua, ao lado da amiga. Segundo a sinopse, a história retrata um relacionamento "no começo somente solidariedade, depois uma longa amizade e mais tarde a possibilidade de uma relação que assusta muito Malu". E pelo visto, não apenas Malu.

A censura interna da Globo vem atuando também em outras áreas. Por exemplo, em Os Gigantes, novela das 8. Acham os censores que Antônio Lucas, personagem vivido por Mário Lago, anda falando demais. Seus, inflamados discursos contra a instalação de uma multinacional na Cidade também seriam excessivamente ousados. Daí já ter ocorrido algumas podações em suas falas. Durante a gravação de um dos últimos capítulos, o texto original de duas páginas ficou reduzido a apenas meia. A tendência é silenciar cada vez mais o inquieto Antônio Lucas.

(Jornal do Brasil, 30/9/1979. Fonte: TV-Pesquisa PUC-Rio)

terça-feira, 10 de maio de 2011

A casa

"Nos séculos precedentes, a maior parte das mulheres tinha duas ou três blusas, uma camisola, duas saias; no inverno usavam tudo ao mesmo tempo, no verão essas roupas cabiam num quadrado de algodão com as pontas amarradas. Era com isso que elas iam se alugar ou se casar. Hoje as mulheres devem ter duzentas e cinquenta vezes mais roupas que duzentos anos atrás. Mas a permanência da mulher na casa é da mesma natureza. Trata-se, sempre, de uma existência que parece estar escrita, já estar escrita, mesmo a seus próprios olhos. Uma espécie de papel, no sentido habitual do termo, só que ela o desempenharia inevitavelmente, quase sem ter consciência dele: assim, no teatro da solidão profunda que é o de sua vida ao longo dos séculos, a mulher viaja. Essa viagem não são as guerras nem a cruzada, é uma viagem no interior da casa, da floresta, e de sua cabeça crivada de crenças, muitas vezes enferma, doente. Neste último caso ela é promovida a feiticeira, como você, como eu, e é queimada. Durante determinados verões, determinados invernos, determinadas horas de determinados séculos, as mulheres se foram com a passagem do tempo, a luz, os ruídos, o movimento dos animais nas touceiras, os gritos dos pássaros. O homem não está ao corrente dessas partidas das mulheres. O homem não pode estar ao corrente dessas coisas. O homem está ocupado num serviço, num ofício, tem uma responsabilidade que jamais abandona, que o faz nada saber das mulheres, nada da liberdade das mulheres. Muito cedo na história, o homem deixa de ter liberdade. Durante muito tempo ao longo dos séculos os homens próximos às mulheres são os empregados de granjas; muitas vezes são retardados, risonhos, moídos a pancadas, impotentes. Ficam lá no meio das mulheres fazendo-as rir, e elas, elas os escondem, elas os salvam da morte. Em determinadas horas dos dias desses séculos, os pássaros solitários piavam no escuro claro de antes do desaparecimento da luz. Já então a noite caía depressa ou lenta, era conforme os dias da estação, conforme o estado do céu ou do terrível ou suave pesar que tívessos no coração."

(A vida material, de Marguerite Duras, trad. Heloísa Jahn.)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Leonilson - Sob o Peso dos Meus Amores

Exposição até domingo, 29 de maio
Terça a sexta - 9h às 20h
Sábado, domingo e feriados - 11h às 20h

Itaú Cultural – São Paulo



Empty Man, 1991
bordado sobre linho
Coleção Família Bezerra Dias
imagem: Rubens Chiri

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Emoticon

Me disseram que isso significa "um grande abraço".

Sei lá, pra mim parece outra coisa.

({})

terça-feira, 19 de abril de 2011

Maggie e Hopey



"Hernandez only made Maggie and Hopey's physical relationship overt (in "Locas 8:01 AM", from 1986) when he felt it made sense to their characters, a strategy tellingly consistent with his overall approach - one wich never deals in mainstream comics' language of stereotypes, a narrative sensibility that relies on climatic moments. Depicting Maggie and Hopey in a sexual relationship was in itself a political act, a statement of equality in the political climate of 1980s Reagan conservatism, and both Jaime and Gilbert contributed drawings to publications promoting homosexual rights."

(The art of Jaime Hernandez, de Todd Hignite)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

terça-feira, 29 de março de 2011

Muriel Rukeyser



DESPISALS

In the human cities, never again to
despise the backside of the city, the ghetto,
or build it again as we build the despised
backsides of houses. Look at your own building
You are the city.'

Among our secrecies, not to despise our Jews
(that is, ourselves) or our darkness, our blacks,
or in our sexuality wherever it takes us
and we now know we are productive
too productive, too reproductive

for our present invention – never to despise
the homosexual who goes building another
with touch with touch (not to despise any touch)
each like himself like herself each.
You are this.

In the body’s ghetto
never to go despising the asshole
nor the useful shit that is our clean clue
to what we need. Never to despise
the clitoris in her least speech.
Never to despise in myself what I have been taught
to despise. Nor to despise the other.

Not to despise the it. To make this relation
with the it : to know that I am it.

From the onion dip to the chips

"I drunk too much wine at a party last fall, found myself quoting Muriel Rukeyser to Geoff Maines, all about the backside, the body's ghetto, singing her words, 'Never to go despising the asshole nor the useful shit that is our clean clue to what we need.'

'The clitoris in her least speech', he sang back, and I loved him for that with all my soul. We fed each other fat baby carrots and beamed at our own enjoyment.

'Ah, the ass', Geoff intoned, 'the temple of the gods.' I giggled, lifted a carrot in a toast, matched his tone. 'And the sphincter - gateway to the heart.'

He nodded, licked his carrot, reached down, shifted a strap, and inserted that carrot deftly up his butt. He looked up at me, grinned, rolled a carrot in my direction, raised one eyebrow. 'Least speech', I heard myself tell him. Then I hiked up my skirt and disappeared that carrot, keeping my eyes on his all the while. There was something about his expression, a look of arrogant conviction that I could not resist.

'Lesbians constantly surprise me', was all Geoff said, lining up a row of little baby carrots from the onion dip to the chips, pulling the dish of butter over as well. He handed me another carrot. I blinked, then watched as he took one for himself. 'I propose the carrot olympics, a cross-gender, mutually queer event', he challenged. I started to laugh as he rolled buttery carrots between his palms. His face was full of laughter, his eyes so blue and pleased with himself they sparkled. 'All right', I agreed. How could I not? I pulled up the hem of my skirt, tucked it into my waistband, took up the butter, and looked Geoff right in the eye. 'Dead heat, or one on one?'"

(Her body, Mine and His, Dorothy Allison, 1985. Em Skin: talking about sex, class & literature, Firebrand Books, 1994)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Vai, não se esconde, vem pro sapa bonde

Estou sempre atrasada quanto aos hits de internet.

De todo modo, vamos lá: Carol chegou na pista pra mostrar que tá podendo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Conto antigo

Trecho de um conto escrito em 1997, chamado (na época) Lésbicas falando de suas mães.

Talvez já tenha mostrado algum trecho. Meio infantil, mas simpático por causa disso. O título vem de uma frase da Camille Paglia, ou outra intelectual feminista... preciso verificar.

- - -

"Saí do apartamento da Luciana umas nove e vinte, fui andando pra casa. Era um caminho gostoso, tava fresco, à noite. Acho que eu estava com uma sandália de couro trançado. Prendia no tornozelo, era meio bege, bonita. Tudo meio bege: era uma época que eu pintava o cabelo de loiro escuro, gostava de sair na rua toda assim, cor de madeira clara. Vestia umas roupas estranhas e pensava “sou alemã”.

Quando cheguei no meu andar a luz atrás da porta estava acesa. Não tinha música. Quando abri, a Rafaela estava deitada no meu colchão.

Passei a mão no cabelo dela, entre a testa e a orelha. A gente estava começando a namorar, eu ficava meio tímida de beijar de língua assim de cara.

Depois de olhar pra ela um pouco, a gente se beijou. Rafaela tinha esse cabelo preto e liso, muito macio - e uma boca tão pequena comparada à do meu namorado anterior, eu ainda estranhava. Os beijos eram longuíssimos, eu tinha noção dos meus próprios músculos, meu lábio muito mais forte que o dela.

Depois de transar fui buscar um copo d’água na cozinha. Rafaela veio atrás e a gente se beijou apoiadas no batente. De novo bateu tão forte que até doeu.

Não tinha cama. O colchão ficava no canto esquerdo da parede, no mesmo lado da porta de saída. Tinha uma colcha bordô. Rafaela deitava de lado, o braço em L, a cabeça sobre a mão. Eu estava de bruços, encostada à parede, sentindo o concreto no meu braço esquerdo.

A gente deve ter se beijado umas duas horas, porque eram muito tarde quando olhei no relógio. Quando deitei de costas, ela pôs a perna sobre as minhas, subiu sobre mim, aquele negócio me fez morrer, esqueci que ela era pequena e que eu tinha que me controlar.

Tinha um encaixe certo da coxa dela na minha virilha, meu braço que era longo e alcançava as costas, cintura e bunda dela ao mesmo tempo, orgasmo difícil de mensurar, só tinha consciência quando as costas do pé estavam geladas.

- A Luciana disse que transar com mulher é que nem brincar de casinha.

- Ah, é?

- Ela disse.

- Sei.

- Li uma mulher falando no jornal... que as lésbicas ficam abraçadas a noite inteira, conversando sobre suas mães.

- Você quer falar sobre a minha mãe?

- Não necessariamente.

- Pois saiba que minha mãe é uma gostosa.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Untitled, de Diane Arbus



"These photographs, most of which have never been seen before, belong to what has come to be known as Diane Arbus' UNTITLED series – by default, in a sense, since the individual titles she might have given them were never done. The photographs were taken at residences for the mentally retarded between 1969 and 1971, places she kept going back to every few months or so, to picnics, dances, on Halloween, in the last years of her life. This is simply information. What's in the pictures lies much closer to home.

When she made them, she had already staked out her territory as a photographer and there was no retreat. But, almost from the beginning, she recognized in these pictures something new, something she'd been searching for for a long time, uncertain what shape it might take. The discovering set her free. Although, as an artist, she was still on familiar ground, it must have felt for a while like a foreign country."

(Do posfácio de Untitled, livro de fotos de Diane Arbus, Ed. Thames and Hudson, 1995. Escrito por Doon Arbus, sua filha.)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Foi num dia de verão (o cortador de água)

"Se essa mulher tivesse se explicado, a coisa não teria me interessado. Christine Villemin, que não é capaz de alinhar duas frases, me fascina, porque também tem o que essa mulher tem: a violência insondável. Existe um comportamento instintivo que podemos tentar explorar, que podemos restituir ao silêncio. Restituir ao silêncio um comportamento masculino é muito mais difícil, muito mais falso, porque os homens não são o silêncio. Em épocas passadas, em épocas distantes, há milênios, o silêncio são as mulheres. Portanto a literatura são as mulheres. Ou bem se fala delas na literatura ou elas próprias o fazem, mas são elas."

(em A vida material, de Marguerite Duras, trad. Heloisa Jahn)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Léxico alheio

Tentei marcar com uma amiga vinda de Santos. Mas ela não chegou, sentei sozinha num banquinho plástico, bar da Melo Alves, esperando uma mesa.

Como um cliché de escritora, peguei meu caderninho e anotei minhas bobagens:

"Entendo que ela achasse aquilo tudo estranho. Pessoas são estranhas quando a gente não conhece, a maioria tanto que não gostaríamos de conhecer. Quem é a mulher de ombros curvados, andando como homem, ao lado da garota magríssima de cintura baixa demais, costelas compridas demais?"

Finalmente o garçom liberou a mesa: justamente ao lado das distintas anotadas no meu caderno. Quatro amigas cansadas de seu grupo em que todas haviam transado com todas, ninguém se apaixonava, ninguém deixava o grupo. Situação clássica do lesbianismo, ok, mas lembrei do Veríssimo: Poker Interminável I, II, III.

Ouvi a conversa. Teria pudor de anotar, não fossem pérolas do lugar-comum DR.

"A Débora está na minha vida há catorze anos."

"Foi uma desorientação que bateu."

"Uma pessoa que fala: eu tenho um padrão."

"Quando a gente era novinha..."

"Eu assumi o erro que eu fiz."

"A gente tá perdendo os valores, sabe."

"Se eu tiver uma namorada, vou deixar trancada no quarto."

"Quando eu soube da história, eu disse 'vem cá'."

"Conhecer gente nova... que não queime a turma."

"Ela tem que trabalhar isso."

"Cada relação é de um jeito, de repente a gente nem sabe."

"Meu querido, você tem mostarda, por favor?"

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Smack the pony

Esquete do antigo programa do Channel 4:

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um pouco de feminismo clássico

Este é um texto clássico do feminismo, mas talvez as novas gerações não conheçam:

- - -

"Because woman's work is never done and is underpaid or unpaid or boring or repetitious and we're the first to get the sack and what we look like is more important than what we do and if we get raped it's our fault and if we get bashed we must have provoked it and if we raise our voices we're nagging bitches and if we enjoy sex we're nymphos and if we don't we're frigid and if we love women it's because we can't get a 'real' man and if we ask our doctor too many questions we're neurotic and/or pushy and if we expect community care for children we're selfish and if we stand up for our rights we're aggressive and 'unfemminine' and if we don't we're typical weak females and if we want get married we're out to trap a man and if we don't we're unnatural and because we still can't get an adequate safe contraceptive but men can walk on the moon and if we can't cope or don't want a pregnancy we're made to feel guilty about abortion and... for lots and lots of other reasons we are part of the women's liberation movement.

Joyce Stevens

Written for Women's Liberation Broadsheet International Women's Day,m 1975

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Talking about Sex, Class & Literature

Há dois anos comprei alguns livros de Dorothy Allison, numa viagem intuitiva pelo site da Amazon.

Li na época apenas o lindo e comovente Two or Three Things I Know for Sure, em que ela narra em estilo poético a história triste das mulheres pobres de sua família.

Depois fiz uma pausa, para organizar a vida. Agora retomei a coletânea de ensaios Skin: Talking about Sex, Class and Literature.

Continua comovente. Mas pricipalmente ferino, engraçado e despudorado. Grande mulher. Abaixo segue um trecho do ensaio The Theory and Practice of the Strap-on Dildo.



The Theory and Practice of the Strap-on Dildo

Dorothy Allison
em Skin, Firebrand Books, 1994

"After I started talking about my discovery, I became an underground authority on such devices. Dozens of my friends asked me to help them buy a harness like mine. What I have been most surprised by is the range of women who use strap-on dildos. Contrary to mythology and my earliest experiences, it's not only butch/femme couples who are into such toys. Nor is it just s/m or leather women. I've even heard from an old friend, a vegetarian and animal rights activist, who uses a canvas harness remarkably similar to the leather ones. She adapted it from a truss she got at a yard sale."