terça-feira, 26 de maio de 2009

Aretusa Von de Menezes

Mexendo em meus livros à procura de um texto para as alunas, reencontrei um prefácio ao livro de minha amiga Vivi, lançado em 2005:

"O livro 10 Mandamentos para a Felicidade Sexual da Mulher me faz lembrar os meus 15 anos, lendo os folhetins do Planeta diário. A narrativa tem a agilidade e a leveza da literatura pornô bem humorada. As cenas vão se sucedendo sem a preocupação obsessiva da verossimilhança, mas sim com a liberdade narrativa de um sonho, de uma fantasia. Por exemplo a cena em que quatro amigas conversam no quarto, de repente duas delas vão para o banheiro e começam a transar, e as outras nem percebem. Na vida real, será que isso é possível? Pois na literatura erótica, é. Quando a personagem janta com uma amiga e seu marido, a amiga vai dormir – e, sem a menor preocupação com barulhos ou flagras, o marido e a personagem começam a transar. As fantasias eróticas têm essa liberdade: é necessário apenas uma pitada de realidade para nos convencer de que a cena é possível. Porque o excesso de realidade bloqueia qualquer fantasia. Mas aliás, de certa maneira, acreditar exageradamente na realidade é também uma fantasia. Uma fantasia que pode ser prejudicial para o nosso bem estar emocional.

Além de algumas dicas de sabedoria como essa, o livro está pleno de um erotismo alegre e feminino. Em vez de depressiva seqüência repetida em todos os contos eróticos de revistas masculinas – que sempre começam com a mulher gostosa chupando o cara, depois “dando pela frente”, depois “dando por trás” – os 10 Mandamentos têm sexo em várias posições, com parceiros de idades e sexo variável, diferentes preliminares e vários desfechos, oferecendo à mulher curiosa – não importa a idade – bastante inspiração para o seu dia-a-dia erótico."

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Ok, hoje não escreveria desse modo, distinguindo erotismo masculino e feminino. Mas ainda me parece interessante a questão da verossimilhança.


(prefácio a 10 mandamentos para a felicidade sexual da mulher, de Aretusa Von de Menezes. Ed. Jaboticaba, 2005)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Auto-estima

Durante a terapia eu comentava sobre uma garota que havia conhecido na internet.

Marcamos um encontro para a próxima semana e eu tinha medo de ser rejeitada, por estar mais pesada do que gostaria.

A psicologa voltou ao seu tema habitual: por que eu era tão insegura, por que eu partia do princípio que as pessoas iam me rejeitar?

Eu respondi: não sou sempre insegura e não acho sempre que irão me rejeitar. Isso só acontece quando considero a pessoa em questão (o alvo da conquista) mais bonito/a que eu. Porque é mentira que charme e inteligência superam uma aversão física muito grande.

Odeio pessoas gordas que ficam falando de beleza interior, de não julgar pelas aparências. E me irrito quando psicólogos sugerem que tudo se resolve por auto-estima.

Acho bom, em teoria, me interessar por alguém que me pareça em algum aspecto melhor do que eu, sentir o instinto de lutar e conquistar.

Sexo não é propriamente o que as pessoas fazem quando encostam umas nas outras.

(Depoimento anônimo)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Alma Gêmea

Quando era solteira, durante alguns meses tentei conhecer algum rapaz pela internet, num site de encontros. Na época não existiam orkuts e facebooks. Havia apenas chats e a versão para internet dos "classificados pessoais" de jornal. O que frequenti chamava-se "Alma Gêmea".

Era 1998 ou 1999, talvez. Notei que era difícil encontrar um "rapaz decente". Muitos anúncios eram de homens casados que procuravam mulheres para casos rápidos. Como eu era jovem e um tanto ingênua, pensei "como tem gente sacana neste mundo!" De certa maneira eu relacionava esses anúncios à figura clássica do marido machão que pula a cerca, e faz questão de deixar a esposa pura trancada em casa.

Agora, pesquisando o assunto, descubro que as coisas não são bem assim. Nos sites há todo tipo de gente procurando sexo casual: casais procurando garotas para relações a três, mulheres casadas procurando outras mulheres para sexo casual (com o consentimento do marido), homens que preenchem sua preferência sexual como "lésbica" para que seus anúncios sejam lidos por mulheres que não querem ler anúncios de homens.

Sei que nos EUA a pornografia virou tema de talk-shows familiares, e o lesbianismo deixou de ser tabu, virando imagem fetiche para homens. O "lesbian chic", claro, não o lesbianismo real.

Será que essas pessoas de fato conseguem o que propõem nos anúncios, ou é apenas um desejo manifestado virtualmente que nunca se concretiza?

domingo, 3 de maio de 2009

Minha interligação

Coisas que as mulheres escrevem quando procuram sexo casual em sites de relacionamento:

- Estou procurando minha interligação.

- Meu corpo é lindo sou muito gostosa pratico esports e sou limpa, sou branca mas gosto de tudo.

- Como pode ver na foto, tenho um corpo atraente, malho e quero melhorar ainda mais.

- Olhar forte e tenho um coração muito espetacular.

- Em tempos remotos, chorei pensando que não era uma linda mulher. Foi quando percebi que o universo é tudo e muito mais. E que seu eu não valorizasse meu reino. Eu nada seria. Assim sou o que outro acredita que sou. E serei o que de melhor eu quero ser.