quinta-feira, 7 de novembro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Pai e mãe, Gilberto Gil
"Eu passei muito tempo aprendendo a beijar outros homens / Como beijo o meu pai."
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Moda masculina para mulheres
Mary Going, 46, uma ex-consultora para ONGs em Oakland, na Califórnia, em 2012 abriu uma loja virtual de ternos, chamada Saint Harridan, especializada em ternos masculinos clássicos cortados para mulheres. A loja une-se a uma nova leva de marcas de moda e blogs de estilo pouco tradicionais que tem como público-alvo mulheres masculinizadas, homens transgêneros, os andróginos e as molecas – nicho pouco explorado de consumidoras que se identificam como "masculine of center", uma termo de estudo de gênero para mulheres que vestem e agem de maneira tradicionalmente associada aos homens.
Além dela, há empresas como a Saint Harridan, assim como a Tomboy Tailors, uma alfaiataria sob medida em San Francisco; a HauteButch, linha de roupas de Santa Rosa, Califórnia; e a Marimacho, marca do Brooklyn, em NY, que faz camisas, coletes e moda praia inspirada nos trajes masculinos dos anos 1920, Uma empresa, a Wildfang, de Portland, Oregon, foi fundada por veteranos da Nike e diz que quer libertar a moda masculina, "uma gravata-borboleta por vez".
A Tomboy Tailors tem uma loja de varejo na região do Union Square em São Francisco, mas a maioria é apenas online. Confirmando a tendência estão blogs de estilo como dapperQ, que se coloca como uma "GQ" para o masculino não-convencional, e Qwear, que atualiza o look chique-vintage para mulheres. Pense em lenços no bolso do paletó, brogues e suspensórios popularizado por tantos blogs de moda masculina.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Cassandra Rios
Entrevista realizada por Vitor Angelo. Texto completo: http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/08/04/documentario-retrata-cassandra-rios-escritora-lesbica-perseguida-pela-ditadura-militar/
Hanna Korich fez o documentário “Cassandra Rios: a Safo de Perdizes”. Com o apoio do Programa de Ação Cultural 2012, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, o filme tenta reposicionar Cassandra Rios no cenário literário, político e social como uma verdadeira desbravadora que foi e as consequências que estas posturas tiveram em sua vida.
Leia abaixo a entrevista feito pelo Blogay com Hanna Korich e o teaser inédito do filme.
Blogay – O que te atraiu no tema Cassandra Rios?
Hanna Korich - Eu sou uma lésbica cinquentona e gosto muito de livros. Descobri Cassandra Rios tardiamente, infelizmente. Passei a ler seus livros, que só consegui comprar em sebos, e me tornei sua fã. Fiquei escandalizada com o desconhecimento por parte da “moçada” sobre a Cassandra, principalmente das lésbicas com menos de 40 anos. Cassandra chegou a vender mais de um milhão de livros nos anos 60 e 70, mais do que Jorge Amado, que a considerava grande romancista e que foi ignorada por puro preconceito! Ela foi a primeira escritora brasileira a mostrar a mulher como ser sexual, com desejos próprios e libido, e foi pioneira em retratar as lésbicas nas letras brasileiras (publicou seu primeiro livro aos 16 anos de idade, em 1948!). Daí que resolvi abordar o tema Cassandra como um verdadeiro tributo à autora pela sua importância na literatura lésbica, seu pioneirismo, ousadia e, principalmente, para que as novas gerações saibam quem ela realmente foi.
Você chegou a conhecê-la? Como as pessoas que a conheciam descrevem Cassandra?
Infelizmente não a conheci, apesar de ter sido vizinha da Cassandra por 11 anos. Descobri durante a pesquisa para o documentário que Cassandra morava na mesma rua que eu morei na Vila Buarque, centro de São Paulo (eu morava no número 254 e Cassandra no 284), mas não me lembro de ter cruzado com ela. Todas as pessoas que a conheceram declararam que Cassandra era gentil, extremamente educada e discreta, inteligente, ousada, culta, lutadora, bem humorada, namoradeira e sempre dizia que a vida dela se resumia a escrever. Aliás, ela adorava escrever, publicar seus livros e saber que eram lidos por um grande número de pessoas, homossexuais ou não.
Por que a decisão de fazer um filme (e não um livro, por exemplo) sobre a escritora? Qual a linguagem que você usa no filme para descrever Cassandra (depoimentos, imagens de arquivos…)?
Decidi pelo DVD porque, infelizmente, depois de 5 anos trabalhando com Laura Bacellar na Editora Brejeira Malagueta, a única editora lésbica da América Latina, criada em 2008, cheguei à conclusão de que apesar de termos no Brasil 9 milhões de lésbicas, elas compram poucos livros, não se sabe a razão exatamente. Concluí que através de imagens seria mais fácil atingir o meu objetivo de tornar Cassandra Rios conhecida pelas novas gerações, afinal, estamos na era das imagens, certo? Com relação à linguagem, o documentário/tributo tem depoimentos, fotos de arquivos cedidos pela família da autora, imagens de objetos pessoais, capas de seus livros e outras imagens relacionadas ao tema LGBT, além de uma trilha sonora belíssima feita por Laura Finocchiaro.
terça-feira, 9 de julho de 2013
sábado, 6 de julho de 2013
sexta-feira, 5 de julho de 2013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
domingo, 26 de maio de 2013
If these walls could talk 2 (Desejo proibido)
Em três épocas distintas, histórias de mulheres:
1961: Quando Abby morre, Edith sua parceira, precisa silenciosamente encarar sua perda amorosa e a negação de sua posição como 'família' pelo hospital e pelos herdeiros de Abby.
1972: Linda, uma feminista, é expulsa do campus com seu grupo de amigas lésbicas.
2000: Fran e Kal querem ter um bebê e rumam para o banco de esperma.
1961: Quando Abby morre, Edith sua parceira, precisa silenciosamente encarar sua perda amorosa e a negação de sua posição como 'família' pelo hospital e pelos herdeiros de Abby.
1972: Linda, uma feminista, é expulsa do campus com seu grupo de amigas lésbicas.
2000: Fran e Kal querem ter um bebê e rumam para o banco de esperma.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
segunda-feira, 13 de maio de 2013
domingo, 14 de abril de 2013
terça-feira, 26 de março de 2013
sábado, 16 de março de 2013
LGBTQIA na FSP em 17/02/2013
"A professora, Gail Shister, lésbica, criticou alunos que usaram LGBTQ na redação, dizendo que é frouxo, e propôs o termo "queer". Alguns acharam a sugestão ofensiva. Foi o caso de Brett Gilbert, para quem Shister "não aceita coisas que não entende". Por telefone, Shister disse que a crítica é de natureza estritamente gramatical. "Sou a favor da concisão", disse ela. "'LGBTQ não se pronuncia com facilidade. Então digo aos alunos: 'Não usem siglas com cinco ou seis letras'."
- - -
Texto originalmente publicado no jornal "The New York Times".
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/94158-assexuados-bichas-amp-cia.shtml
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Assexuados, bichas & cia.
A nova geração gay nas universidades dos EUA
MICHAEL SCHULMAN
MICHAEL SCHULMAN
TRADUÇÃO CLARA ALLAIN
Texto originalmente publicado no jornal "The New York Times".
RESUMO
Após a luta por direitos civis nos anos 60 e o desbunde dos 70, chega à maioridade geração que busca se afirmar com designações o mais abrangentes possível. Agênero, bigênero e intersexos estão entre as denominações abrigadas sob a nova sigla LGBTQIA, que já ganha espaço oficial em universidades dos Estados Unidos.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/94158-assexuados-bichas-amp-cia.shtml
quinta-feira, 14 de março de 2013
terça-feira, 12 de março de 2013
Inconscientes e agrupadas
Melissa contou coisas diferentes do que eu ouvira antes. Tivera fases de depressão clínica, não apenas tristezas, que foram o real motivo do atraso no curso de Direito. Frequentou psicólogos, tomou remédios, experimentou tratamentos diferentes. Tinha uma interpretação complexa desses problemas, esforçando-se em distinguir os traços da doença de um sofrimento existencial mais interno. Mostrou alguns discos preferidos, tristes demais. Identificava-se com um compositor dos anos 1960, que acreditou no aprofundamento da percepção através de drogas alucinógenas, mas se desagregou, esteve internado num hospital psiquiátrico, jogou-se da janela do terceiro andar e sobreviveu com sequelas. Produziu ainda um último disco, sozinho ao piano, com versos em inglês, comovente e desalentador.
Nos momentos de maior abatimento, ao longo dos anos, ela escrevera páginas soltas que ainda guardava em seu antigo quarto na casa dos pais. Depois de contar isso com lentidão, disse que a única coisa que realmente desejou foi escrever, porém sentia-se incapaz. Pedi que me mostrasse os textos. Num domingo foi à casa dos pais e buscou. Fui compadecida pela leitura, e percebi como estava enganada em qualquer julgamento que tivesse sobre Melissa.
"Fui ao Rio de Janeiro buscar algum dinheiro com um tio paterno de Guilherme. Na última visita à clínica, eu comentei que estava perdendo muito, não conseguia me organizar, o que meus pais mandavam por mês desaparecia em algumas semanas. Guilherme disse que certamente seu tio paterno ajudaria, ele via com clareza e entendia as prioridades. Explicou onde estava o número do telefone na agenda do apartamento. Liguei com muita vergonha mas o tio não se espantou, foi receptivo e ouviu tudo o que eu disse. Ele poderia me dar algo, mas em espécie, em dólares, se eu fosse buscar. Fui de ônibus ao Rio e peguei o metrô para chegar ao apartamento dele em Botafogo. Na volta, com os dólares na mochila, pouco depois das cinco da tarde, vi uma faixa rosa na plataforma chão, "vagão reservado para mulheres, das 17h00 às 20h00, conforme lei estadual". A plataforma foi enchendo de mulheres. Quando entrei no vagão, só mulheres à volta, com exceção de um tipo meio alheio, alcoólatra e perdido no mundo. Tive uma reação corpórea, não ocidental nem contemporânea. Me sentia protegida num tempo arcaico e cego, numa caravana de beduínos, num trem rumo ao campo de concentração. Um vagão em que estávamos reunidas e guardadas mas inconscientes, agrupadas, vulneráveis a qualquer bando que nos arrastasse aprisionadas dali."
quarta-feira, 6 de março de 2013
terça-feira, 5 de março de 2013
Loveland na Coreia
Parque temático na Coreia do Sul:
http://zupi.com.br/jeju-loveland-um-parque-erotico-na-coreia-do-sul/
http://zupi.com.br/jeju-loveland-um-parque-erotico-na-coreia-do-sul/
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Students More Likely to Think Gay Professors Biased
"For the study, researchers presented an ethnically diverse group of 545 undergraduates at the University of Houston-Downtown with a course syllabus for a class called "Psychology of Human Sexuality." The only difference in the syllabus presented to different students was that one version featured a professor whose brief autobiographical statement indicated being gay, and the other version featured an autobiographical statement identifying the professor as straight.
The students were then asked to evaluate the professors (based only on the syllabus review) on various factors, one of which was political bias. On average, the students found the syllabus to suggest a political agenda when the instructor was gay, but no agenda when the instructor was straight."
http://www.theatlanticwire.com/national/2011/06/students-think-gay-professors-are-more-biased/39425/
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Documentos estáveis
"Tinha um grupo de três machonas na minha escola, quando fiz a oitava série. Passavam o intervalo no canto da quadra, em pé, encostadas à parede, conversando entre elas. Mudei de escola no colegial e demorei reconhecer os novos grupos. Fiquei amiga de uma garota que raspava o cabelo e usava coturnos. Fora da escola ela tinha amigos sempre de preto, com os mesmos coturnos de sola gasta. Fui com eles em alguns shows punk, mas havia quase só homens, as meninas não ficava entre elas. Não havia grupos gays na minha escola. Dois garotos afeminados andavam isolados e eram meio reativos, esnobavam com alguma agressividade as gozações dos outros. Aos poucos consegui conversar com eles, que me contaram sobre os bares em São Paulo. Segundo eles, nada valia a pena em Osasco. Fui amiga desses garotos enquanto permaneci na escola, mas sem intimidade. Eram fúteis e debochados, corporais demais em suas referências masculinas, que aprendi a reconhecer mas não conseguia admirar. No cursinho conheci o Marcos, que se tornou quase um irmão, e através dele a primeira garota lésbica com quem pude conversar e sair. Não éramos apaixonadas, mas durante dois anos funcionou nosso acordo de carícias ocasionais. Ela morava do outro lado da rodovia Castelo Branco e algumas vezes dormia em minha casa. Meus pais concordavam, as ruas são perigosas à noite.
Para conhecer mulheres é preciso certa coragem, é o que se aprende no começo da carreira. Coragem para se aproximar e tomar a iniciativa, e casca grossa para negativas. Eu não gostava das frases de efeito e elogios baratos de aproximação, mas precisei praticar alguns, encontrar aqueles que menos agredissem minhas necessidades de honestidade e elegância. Eu pensava que, se fosse homem, seria um dândi. Estaria sempre no limite indefinido entre o masculino e o feminino, e não poderia nunca agir como a caminhoneira clássica. Eu gostava de gays. Preferia homens femininos a mulheres masculinas.
Alugar um apartamento foi menos difícil do que eu previa. O mundo responde bem a documentos estáveis: contracheque, declaração de imposto de renda, comprovante de rendimentos do fiador e a respectiva matrícula no registro de imóveis. Foram duas semanas para os trâmites do contrato e recebi as chaves, quarenta dias depois de deixar Agnes. Eu não tinha móveis, mas meu pai conseguiu quase tudo nos depósitos que frequentava. Fez algumas trocas, substituiu as peças envelhecidas e instalou tudo para mim. Ele conhecia as madeiras de qualidade. Comprei novos apenas os eletrodomésticos da linha branca: geladeira, micro-ondas e máquina de lavar. Aproveitamos um fogão usado que o pai ainda guardava na oficina. Quando tudo estava montado, olhei aquele apartamento inteiro que agora era meu, e senti certo orgulho por ver organizado o novo espaço a partir de quase nada. Era janeiro de 2005, eu ainda estava de férias. Patrícia e Heloísa viajaram em seguida para Ilhabela. Elas ficaram em São Paulo nas primeiras semanas do ano apenas para me ajudar, esperando para assinar o contrato com a imobiliária. Liguei para Melissa pouco antes do Natal. Contei que estava me separando, e por isso não telefonara antes.
- Então, quer marcar alguma coisa? - ela perguntou.
- Não sei se dou conta. Não estou muito bem ainda.
- Dá conta de quê?
Foi tão despachada que eu ri, uma das poucas risadas naquelas semanas.
- Você acha que vou te agarrar contra a vontade ou alguma coisa assim?
- Até que não seria mau - respondi.
Marcamos para o dia seguinte num bar que ela sugeriu. Mas nesse encontro houve certa timidez. Eu não podia beber muito porque ainda estava o sítio de Heloísa em São Lourenço da Serra."
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Cassandra Rios, "Eu sou uma lésbica"
"Naquele tempo, as mulheres aproveitavam o carnaval para usar suas calças compridas, camisas, gravatas, caracterizando-se de homem para serem melhor identificadas pelas outras mulheres, as "passivas". O carnaval nos clubes marcava momentos grandiosos na vida das lésbicas, que se fantasiavam de Zorro, de caubói, usavam máscaras, cortavam os cabelos rente na nuca, riscavam bigodes com lápis de sobrancelhas e até costeletas. Era a liberdade. (...) A orquestra atacava os sambas e marchas, as serpentinas riscavam o ar, confetes atapetavam o chão, e as lésbicas confinavam-se no toalete. E para lá iam, atraídas, as que tinham tendências para eclodir durante os três maravilhosos dias festivos. (...)
Eu sabia da fama do Arakan, dos bailes nos salões do aeroporto, e fui para lá com um grupo da faculdade. (...)
Eu as vi chegando [as machonas], ressabiadas, como que disfarçadamente, de braço com homens, subindo as escadas que conduziam aos salões do aeroporto; de braço com bichas, para tentarem passar pela portaria. O comentário de que seria proibida a entrada de homossexuais no Arakan já se espalhara havia meses.
Eu já atravessara a porta e vi o homem descer correndo em direção ao grupo que entregava ao porteiro os ingressos, gritando, neurastênico, brecando a entrada delas:
- Não deixe entrar, devolva os ingressos, devolva o dinheiro; "paraíbas" aqui não entram.
(...) Meu carnaval estava estragado. Virou quaresma. O espetáculo era triste demais para mim. A bicha, gritando com a sua voz esganiçada coisas que eu nunca ouvira antes, sendo posta para fora; a machona, carregada pelos guardas escada abaixo.
(...)
Meti-me sob o palanque e fiquei assistindo ao desfile. Observei e tomei nota de todos os movimentos do grupo. A "rainha" a todo instante debruçava-se para Manville, que lhe dava tapinhas no rosto, nas mãos, nos ombros, assegurando-lhe que o reinado seria seu, ele estava ali para garantir. Todos percebiam a mamata, o concurso era uma fajutagem.
- São todas da viração. Vêm das boates Lalicorne, Big Holliday, La Vie en Rose... todas com os os seus "coronéis". Depois, elas vão ao toalete e a gente papa uma por uma.
Ouvi e nem fiz questão de saber quem estava falando; nem mesmo procurei saber quem eram elas e por que não levavam outro tipo de vida. (...) Ouvi risadas, cochichos, desmentidos, desacatos, desafios e brigas entre casaizinhos de lésbicas ciumentas."
- - -
Cassandra Rios, "Eu sou uma lésbica", pp. 95-101. Azougue Editorial, 2006.
Publicado originalmente como folhetim na revista "Status", em 1980.
Eu sabia da fama do Arakan, dos bailes nos salões do aeroporto, e fui para lá com um grupo da faculdade. (...)
Eu as vi chegando [as machonas], ressabiadas, como que disfarçadamente, de braço com homens, subindo as escadas que conduziam aos salões do aeroporto; de braço com bichas, para tentarem passar pela portaria. O comentário de que seria proibida a entrada de homossexuais no Arakan já se espalhara havia meses.
Eu já atravessara a porta e vi o homem descer correndo em direção ao grupo que entregava ao porteiro os ingressos, gritando, neurastênico, brecando a entrada delas:
- Não deixe entrar, devolva os ingressos, devolva o dinheiro; "paraíbas" aqui não entram.
(...) Meu carnaval estava estragado. Virou quaresma. O espetáculo era triste demais para mim. A bicha, gritando com a sua voz esganiçada coisas que eu nunca ouvira antes, sendo posta para fora; a machona, carregada pelos guardas escada abaixo.
(...)
Meti-me sob o palanque e fiquei assistindo ao desfile. Observei e tomei nota de todos os movimentos do grupo. A "rainha" a todo instante debruçava-se para Manville, que lhe dava tapinhas no rosto, nas mãos, nos ombros, assegurando-lhe que o reinado seria seu, ele estava ali para garantir. Todos percebiam a mamata, o concurso era uma fajutagem.
- São todas da viração. Vêm das boates Lalicorne, Big Holliday, La Vie en Rose... todas com os os seus "coronéis". Depois, elas vão ao toalete e a gente papa uma por uma.
Ouvi e nem fiz questão de saber quem estava falando; nem mesmo procurei saber quem eram elas e por que não levavam outro tipo de vida. (...) Ouvi risadas, cochichos, desmentidos, desacatos, desafios e brigas entre casaizinhos de lésbicas ciumentas."
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Cassandra Rios, "Eu sou uma lésbica", pp. 95-101. Azougue Editorial, 2006.
Publicado originalmente como folhetim na revista "Status", em 1980.
Bailes de Carnaval no Arakan
"A primeira vez que fui neste baile de carnaval foi em 1974, penúltimo ano que foi realizado no Aeroporto de Congonhas, na parte de cima do saguão. Para os padrões de hoje o que vou contar é irrelevante, mas para nós da época não!
Como já sabemos, existe uma escada que sobe em curva para o saguão, daquelas em estilo clássico.
Eu e um amigo ficamos "plantados" na parte de baixo da escada para vermos as mulheres subirem a escada. O eleitorado era variado, composto de mulheres do taxi-girl Avenida Danças, que eu conhecia, das boates, do Mappin Praça Ramos de Azevedo, dentre tantas outras.
E elas quando chegavam perto da escada subiam somente de colãs. E invariavelmente pretos. Ah, era diferente, convenhamos.
E como tinha coisas que eu ainda não conhecia resolvi conversar com uma mulher de cabelos curtos e rosto pintado de preto. Ora, nem de longe podia imaginar que ela era chegada em mulher. Aprendi no Arakan.
O baile acabava as 05h da matina.
E como valia a pena ir no Arakan.
Em 1976 foi realizado no Clube Homs da Avenida Paulista e depois transferiu-se para a Casa de Portugal na Avenida Liberdade."
- - -
Por Gilberto Maluf - azermaluf@yahoo.com.br
http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=3520
Como já sabemos, existe uma escada que sobe em curva para o saguão, daquelas em estilo clássico.
Eu e um amigo ficamos "plantados" na parte de baixo da escada para vermos as mulheres subirem a escada. O eleitorado era variado, composto de mulheres do taxi-girl Avenida Danças, que eu conhecia, das boates, do Mappin Praça Ramos de Azevedo, dentre tantas outras.
E elas quando chegavam perto da escada subiam somente de colãs. E invariavelmente pretos. Ah, era diferente, convenhamos.
(...)
E como tinha coisas que eu ainda não conhecia resolvi conversar com uma mulher de cabelos curtos e rosto pintado de preto. Ora, nem de longe podia imaginar que ela era chegada em mulher. Aprendi no Arakan.
O baile acabava as 05h da matina.
E como valia a pena ir no Arakan.
Em 1976 foi realizado no Clube Homs da Avenida Paulista e depois transferiu-se para a Casa de Portugal na Avenida Liberdade."
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Por Gilberto Maluf - azermaluf@yahoo.com.br
http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=3520
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
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