segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Uma beleza sem estirpe

"Essa tagarelice a propósito de coisas vãs são restos da crise mundana por que passou na adolescência. Quando rapaz, picado por veleidades de elegante, pretendeu frequentar as altas-rodas. Queria conhecer no seu próprio habitat aquelas esquivas criaturas que mal se deixavam ver entre a saída de uma igreja ou um teatro, e a rápida partida, nos automóveis de luxo que as esperavam.

Por uma anomalia do sentimento amoroso, importava-lhe no objeto amado, mais que as qualidade específicas deste, aquilo a que o moço Abdias chamava pedigree. Uma beleza sem estirpe nem posição social não lhe causava impressão."

(Abdias, de Cyro dos Anjos, p. 28)

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