terça-feira, 26 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
O colo vazio das lésbicas
Olá, sr. Pondé
Eu acompanho sempre seus textos, como observadora distante.
Acho curioso como você escreve sobre as mulheres, pois seus textos mostram algumas observações muito verdadeiras, e outras muito equivocadas.
Especialmente sobre sua raiva por mulheres competitivas e masculinas, acho que há um certo recalque, um ódio mal assumido pela competição. O senhor deve saber, intimamente, que uma mulher tem direito de ser masculina e competitiva, se quiser.
Nem toda mulher gosta de se mostar agradável aos homens, e isso é um direito delas. Assim como é seu direito ser desagradável e ofendê-las em seus textos no jornal.
Especificamente sobre as lésbicas... não sei se você as conhece verdadeiramente.
Uma mulher lésbica admira nas mulheres femininas as mesmas coisas que você admira. E também admira, nas mulheres masculinas, a coragem de enfrentar um mundo difícil, em que a masculinidade é negada socialmente às mulheres. Assim como a feminilidade é negada socialmente aos homens. Se não fossem tais barreiras sociais, acredito que você não teria necessidade de ser tão agressivo e pudesse mostrar com mais tranquilidade seu lado gentil.
Não há necessidade de você se preocupar com a "moda" de ser lésbica. Nenhuma mulher se relaciona com outra por moda. As lésbicas sabem que se apaixonar por uma mulher hétero é problema: elas se aproximam muitas vezes por carência, por necessidade de elogios e valorização, mas logo se afastam. As mulheres que gostam de homens não vão deixar de gostar porque estes a tratam mal.
As mulheres hetero gostam de ser objeto do desejo, como você escreve. Mas não esqueça que esse desejo deve ser amoroso, e a agressividade apenas simbólica, no jogo erótico.
Mas muitas vezes o desejo masculino é agressivo de outras formas: violência física, humilhação psicológica, dominação castradora, etc.
Quando as mulheres hetero fogem do desejo masculino, muitas vezes é pelo dificuldade em lidar e enfrentar essa violência. Cada uma tem seus motivos. É preciso compreendê-las e não acusá-las.
Talvez o lesbianismo esteja mais evidente hoje simplesmente porque havia muitas mulheres com tendências homossexuais que se reprimiam. Agora, com ambiente social mais seguro, elas se soltam e aparecem mais.
Fique tranquilo, pois não são o lesbianismo ou o feminismo que o ameaçam. Apenas, talvez, você os tema, porque não está tão seguro assim de sua capacidade de dominar o mundo, como deseja sua fantasia narcisista.
Digo isso friamente, sem desejo de agredi-lo. Você deve saber, com todas as leituras que faz, que o narcisismo é um elemento central de sua personalidade.
Um abraço,
Sabina
Eu acompanho sempre seus textos, como observadora distante.
Acho curioso como você escreve sobre as mulheres, pois seus textos mostram algumas observações muito verdadeiras, e outras muito equivocadas.
Especialmente sobre sua raiva por mulheres competitivas e masculinas, acho que há um certo recalque, um ódio mal assumido pela competição. O senhor deve saber, intimamente, que uma mulher tem direito de ser masculina e competitiva, se quiser.
Nem toda mulher gosta de se mostar agradável aos homens, e isso é um direito delas. Assim como é seu direito ser desagradável e ofendê-las em seus textos no jornal.
Especificamente sobre as lésbicas... não sei se você as conhece verdadeiramente.
Uma mulher lésbica admira nas mulheres femininas as mesmas coisas que você admira. E também admira, nas mulheres masculinas, a coragem de enfrentar um mundo difícil, em que a masculinidade é negada socialmente às mulheres. Assim como a feminilidade é negada socialmente aos homens. Se não fossem tais barreiras sociais, acredito que você não teria necessidade de ser tão agressivo e pudesse mostrar com mais tranquilidade seu lado gentil.
Não há necessidade de você se preocupar com a "moda" de ser lésbica. Nenhuma mulher se relaciona com outra por moda. As lésbicas sabem que se apaixonar por uma mulher hétero é problema: elas se aproximam muitas vezes por carência, por necessidade de elogios e valorização, mas logo se afastam. As mulheres que gostam de homens não vão deixar de gostar porque estes a tratam mal.
As mulheres hetero gostam de ser objeto do desejo, como você escreve. Mas não esqueça que esse desejo deve ser amoroso, e a agressividade apenas simbólica, no jogo erótico.
Mas muitas vezes o desejo masculino é agressivo de outras formas: violência física, humilhação psicológica, dominação castradora, etc.
Quando as mulheres hetero fogem do desejo masculino, muitas vezes é pelo dificuldade em lidar e enfrentar essa violência. Cada uma tem seus motivos. É preciso compreendê-las e não acusá-las.
Talvez o lesbianismo esteja mais evidente hoje simplesmente porque havia muitas mulheres com tendências homossexuais que se reprimiam. Agora, com ambiente social mais seguro, elas se soltam e aparecem mais.
Fique tranquilo, pois não são o lesbianismo ou o feminismo que o ameaçam. Apenas, talvez, você os tema, porque não está tão seguro assim de sua capacidade de dominar o mundo, como deseja sua fantasia narcisista.
Digo isso friamente, sem desejo de agredi-lo. Você deve saber, com todas as leituras que faz, que o narcisismo é um elemento central de sua personalidade.
Um abraço,
Sabina
Luiz Felipe Pondé
Objetos
HUMILDEMENTE CONFESSO que, quando penso a sério em mulher, muitas vezes penso nela como objeto (de prazer). Isso é uma das formas mais profundas de amor que um homem pode sentir por uma mulher.
E, no fundo, elas sentem falta disso. Não só na alma como na pele. Na falta dessa forma de amor, elas ressecam como pêssegos velhos. Mofam como casas desabitadas. Falam sozinhas.
Gente bem resolvida entende pouco dessa milenar arte de amor ao sexo frágil.
Sou, como costumo dizer, uma pessoa pouco confiável. Hoje em dia, devemos cultivar maus hábitos por razões de sanidade mental. Tenho algumas desconfianças que traem meus males do espírito.
(...)
Mas, falando sério, desconfio de homens que não pensam em mulheres como objeto. Pior, são uns bobos, porque, entre quatro paredes, elas adoram ser nossos objetos e na realidade sofrem, porque a maioria dos caras hoje virou "mulherzinha" de tão frouxos que são.
Imagino o quão brocha fica uma mulher quando o cara diz para ela: "Respeito você profundamente, por isso não vou...".
Pergunto filosoficamente: como achar uma mulher gostosa sem pensar nela como objeto?
A pior forma de solidão a que se pode condenar uma mulher é a solidão de não fazê-la, de vez em quando, de objeto. E esta é uma forma de solidão que se torna cada vez mais comum. E, sinto dizer, provavelmente vai piorar. A não ser que paremos de torturar nossos jovens com papinhos politicamente corretos sobre "igualdade entre os sexos".
Igualdade perante a lei (e olhe lá...). No resto, não há igualdade nenhuma.
A feminista americana Camille Paglia, recentemente, em passagem pelo Brasil, disse que muitas das agruras das mulheres heterossexuais se devem ao fato de elas procurarem "seres iguais a elas" nos homens. Que pensem como elas, sintam como elas, falem como elas.
Entre o desejo "correto" de ter um "eunuco bem-comportado" e um homem que diga "não" à tortura da "igualdade entre os sexos", ficam sozinhas com homens que são "mulherzinhas".
O que é um homem "mulherzinha"? É um homem que tem medo de que as mulheres achem-no machista, quando, na verdade, todo homem (normal) gosta de pensar em mulher como objeto.
Um mundo de "mulherzinhas" acaba jogando muitas mulheres no colo (vazio) de outras mulheres por pura falta de opção. E aí começa esse papinho de que é "superlegal ser lésbica". Afora as verdadeiras, muita gente está nessa por simples desespero afetivo.
Nada contra, cada um é cada um. Só sinto que muitos homens "desistam" delas porque a velha "histeria" feminina da qual falava Freud (grosso modo, a insatisfação eterna da mulher) virou algo do qual não se pode falar, senão você é machista.
Muito desse papinho "progressista" é conversa fiada para esconder fracassos afetivos, a mais velha experiência humana, mas que nos últimos anos virou moda se dizer que a culpa é do capitalismo, da igreja, do patriarcalismo, da família, de Deus, da educação, do diabo a quatro.
E o pior é que quase todo mundo tem medo de dizer a verdade: uma das formas mais profundas de amor à mulher é fazer delas objeto.
(FSP, 11/07/11)
HUMILDEMENTE CONFESSO que, quando penso a sério em mulher, muitas vezes penso nela como objeto (de prazer). Isso é uma das formas mais profundas de amor que um homem pode sentir por uma mulher.
E, no fundo, elas sentem falta disso. Não só na alma como na pele. Na falta dessa forma de amor, elas ressecam como pêssegos velhos. Mofam como casas desabitadas. Falam sozinhas.
Gente bem resolvida entende pouco dessa milenar arte de amor ao sexo frágil.
Sou, como costumo dizer, uma pessoa pouco confiável. Hoje em dia, devemos cultivar maus hábitos por razões de sanidade mental. Tenho algumas desconfianças que traem meus males do espírito.
(...)
Mas, falando sério, desconfio de homens que não pensam em mulheres como objeto. Pior, são uns bobos, porque, entre quatro paredes, elas adoram ser nossos objetos e na realidade sofrem, porque a maioria dos caras hoje virou "mulherzinha" de tão frouxos que são.
Imagino o quão brocha fica uma mulher quando o cara diz para ela: "Respeito você profundamente, por isso não vou...".
Pergunto filosoficamente: como achar uma mulher gostosa sem pensar nela como objeto?
A pior forma de solidão a que se pode condenar uma mulher é a solidão de não fazê-la, de vez em quando, de objeto. E esta é uma forma de solidão que se torna cada vez mais comum. E, sinto dizer, provavelmente vai piorar. A não ser que paremos de torturar nossos jovens com papinhos politicamente corretos sobre "igualdade entre os sexos".
Igualdade perante a lei (e olhe lá...). No resto, não há igualdade nenhuma.
A feminista americana Camille Paglia, recentemente, em passagem pelo Brasil, disse que muitas das agruras das mulheres heterossexuais se devem ao fato de elas procurarem "seres iguais a elas" nos homens. Que pensem como elas, sintam como elas, falem como elas.
Entre o desejo "correto" de ter um "eunuco bem-comportado" e um homem que diga "não" à tortura da "igualdade entre os sexos", ficam sozinhas com homens que são "mulherzinhas".
O que é um homem "mulherzinha"? É um homem que tem medo de que as mulheres achem-no machista, quando, na verdade, todo homem (normal) gosta de pensar em mulher como objeto.
Um mundo de "mulherzinhas" acaba jogando muitas mulheres no colo (vazio) de outras mulheres por pura falta de opção. E aí começa esse papinho de que é "superlegal ser lésbica". Afora as verdadeiras, muita gente está nessa por simples desespero afetivo.
Nada contra, cada um é cada um. Só sinto que muitos homens "desistam" delas porque a velha "histeria" feminina da qual falava Freud (grosso modo, a insatisfação eterna da mulher) virou algo do qual não se pode falar, senão você é machista.
Muito desse papinho "progressista" é conversa fiada para esconder fracassos afetivos, a mais velha experiência humana, mas que nos últimos anos virou moda se dizer que a culpa é do capitalismo, da igreja, do patriarcalismo, da família, de Deus, da educação, do diabo a quatro.
E o pior é que quase todo mundo tem medo de dizer a verdade: uma das formas mais profundas de amor à mulher é fazer delas objeto.
(FSP, 11/07/11)
quarta-feira, 13 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
Special Report: The Female Factor
Do International Herald Tribune
Room to Live and Love in China's Cities
FOTOS
By DIDI KIRSTEN TATLOW
Published: June 28, 2011
BEIJING — Shortly after they met, Wu Zheng shocked her girlfriend, Charlene Lee, by kissing her on a Beijing street.
“I said, ‘What, you do that here?’ I’m from Singapore, and we’re conservative. There is that constant fear,” recalled Ms. Lee, 30.
“I felt it was no problem,” said Ms. Wu, 30, a native Beijinger, grinning at Ms. Lee as she stirred a bloody mary in a cafe.
It wasn’t. Lesbians in China today are remarkably free, the result of profound social changes over three decades of fast economic growth, and of being female in a society that values men far above women. Invisibility provides lesbians with room to live and love amid the anonymity of China’s millions-strong megacities.
“I think people are more tolerant of female gays than male gays,” said Li Yinhe, a sociologist at the Chinese Academy of Social Sciences. “China is a very patriarchal society, so people feel if a man is gay that’s really shameful.”
“Traditional society basically overlooks women in some ways, and there is a certain freedom in that,” she said. “But that free space isn’t necessarily power.”
Lesbians’ freedom exists in a gray area. Like male homosexuals, lesbian couples cannot marry or legally form a family, creating problems in separation, illness or inheritance issues. Confronted too openly, relatives often object, too.
“Chinese people can accept people being lesbian or gay. But not within their own family,” Ms. Wu said, who is an events manager and plans to start an online sex toy business.
“In China it’s very weird,” Ming Ming, a lesbian documentary filmmaker, said. “If you don’t talk about it, it doesn’t exist. But actually it’s not at all easy. The pressure to marry is enormous.”
Traditionally, men are expected to carry on the family line, creating greater pressure on male gays to marry. In theory, that offers lesbians greater freedom. But in practice, “It’s a huge loss of face for a family when a daughter doesn’t marry,” said Ms. Ming.
Also, China’s one-child policy has produced around 140 million only children, Ji Baocheng, president of Renmin University of China, told the official People’s Daily newspaper in March. This has increased pressure on lesbian only daughters to produce offspring.
Lesbianism was officially taboo until 1997, when “hooliganism,” a catchall term that included homosexuality, was struck off the criminal code.
The Communists’ narrow morality in the decades after the 1949 revolution contrasted with the preceding Republican period and the end of the last imperial dynasty, when women refusing marriage — many of them lesbians — gathered in villages in southern Guangdong Province to “comb their own hair,” as noted recently in People’s Daily. The phrase refers to the traditional practice of women tying their hair in a bun when they marry.
Today, most major cities in China have lesbian bars or cafes offering support groups, talks and parties. In Beijing and Shanghai there are gay pride events, held privately in the hope of avoiding cancellation by the authorities (as happened this month with the biennial Beijing Queer Film Festival. The festival went ahead anyway, “guerrilla-style,” organizers said.)
State media discuss lesbianism and commitment ceremonies, and the official Legal Daily newspaper even reported on a survey showing that about half of lesbians had experienced violence from relatives or partners.
Campaigners for gay marriage say they are gaining ground, though very slowly.
In terms of personal behavior, “The change is coming faster and faster,” said An Ke, organizer of Lala Salon, a weekly lecture and discussion at Half Dozen, a bar in Beijing.
Speaking after a recent salon — on rape in eastern Congo — Ms. An said lesbians are, cautiously, “coming out.”
Room to Live and Love in China's Cities
FOTOS
By DIDI KIRSTEN TATLOW
Published: June 28, 2011
BEIJING — Shortly after they met, Wu Zheng shocked her girlfriend, Charlene Lee, by kissing her on a Beijing street.
“I said, ‘What, you do that here?’ I’m from Singapore, and we’re conservative. There is that constant fear,” recalled Ms. Lee, 30.
“I felt it was no problem,” said Ms. Wu, 30, a native Beijinger, grinning at Ms. Lee as she stirred a bloody mary in a cafe.
It wasn’t. Lesbians in China today are remarkably free, the result of profound social changes over three decades of fast economic growth, and of being female in a society that values men far above women. Invisibility provides lesbians with room to live and love amid the anonymity of China’s millions-strong megacities.
“I think people are more tolerant of female gays than male gays,” said Li Yinhe, a sociologist at the Chinese Academy of Social Sciences. “China is a very patriarchal society, so people feel if a man is gay that’s really shameful.”
“Traditional society basically overlooks women in some ways, and there is a certain freedom in that,” she said. “But that free space isn’t necessarily power.”
Lesbians’ freedom exists in a gray area. Like male homosexuals, lesbian couples cannot marry or legally form a family, creating problems in separation, illness or inheritance issues. Confronted too openly, relatives often object, too.
“Chinese people can accept people being lesbian or gay. But not within their own family,” Ms. Wu said, who is an events manager and plans to start an online sex toy business.
“In China it’s very weird,” Ming Ming, a lesbian documentary filmmaker, said. “If you don’t talk about it, it doesn’t exist. But actually it’s not at all easy. The pressure to marry is enormous.”
Traditionally, men are expected to carry on the family line, creating greater pressure on male gays to marry. In theory, that offers lesbians greater freedom. But in practice, “It’s a huge loss of face for a family when a daughter doesn’t marry,” said Ms. Ming.
Also, China’s one-child policy has produced around 140 million only children, Ji Baocheng, president of Renmin University of China, told the official People’s Daily newspaper in March. This has increased pressure on lesbian only daughters to produce offspring.
Lesbianism was officially taboo until 1997, when “hooliganism,” a catchall term that included homosexuality, was struck off the criminal code.
The Communists’ narrow morality in the decades after the 1949 revolution contrasted with the preceding Republican period and the end of the last imperial dynasty, when women refusing marriage — many of them lesbians — gathered in villages in southern Guangdong Province to “comb their own hair,” as noted recently in People’s Daily. The phrase refers to the traditional practice of women tying their hair in a bun when they marry.
Today, most major cities in China have lesbian bars or cafes offering support groups, talks and parties. In Beijing and Shanghai there are gay pride events, held privately in the hope of avoiding cancellation by the authorities (as happened this month with the biennial Beijing Queer Film Festival. The festival went ahead anyway, “guerrilla-style,” organizers said.)
State media discuss lesbianism and commitment ceremonies, and the official Legal Daily newspaper even reported on a survey showing that about half of lesbians had experienced violence from relatives or partners.
Campaigners for gay marriage say they are gaining ground, though very slowly.
In terms of personal behavior, “The change is coming faster and faster,” said An Ke, organizer of Lala Salon, a weekly lecture and discussion at Half Dozen, a bar in Beijing.
Speaking after a recent salon — on rape in eastern Congo — Ms. An said lesbians are, cautiously, “coming out.”
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Miriam Martinho
DÉCADA DE 80: INÍCIO DA ORGANIZAÇÃO LÉSBICA NO BRASIL
A organização lésbica no Brasil surge no início de 1979 dentro do incipiente Movimento Homossexual Brasileiro (MHB), mais precisamente no grupo Somos de São Paulo. Forma-se nesse grupo um subgrupo de mulheres, em função de uma matéria sobre lésbicas para o Lampião da Esquina (maio de 79), que depois se consolida de forma autônoma em relação ao grupo misto. Como na época, o feminismo estava em seu auge e a questão de gênero sempre foi um problema dentro do Movimento Homossexual (hoje LGBT), este subgrupo, identificando-se com o feminismo, se autodenomina subgrupo lésbico-feminista, registrando também outras variantes deste mesmo nome até separar-se do grupo misto (maio de 1980), quando passa a chamar-se Grupo Lésbico Feminista (LF). Este grupo por sua vez, já no final de 1980, sofre um racha e enfraquecido subsiste até meados de 1981, sendo formalmente substituído pelo Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) em outubro de 1981. O GALF, por sua vez igualmente, será o único grupo lésbico a subsistir por toda a década de 80 até 1989, quando cede sua vez à Rede de Informação Um Outro Olhar, formalmente constituída em abril de 1990. Essas diferentes denominações e substituições correspondem a mudanças não só nos coletivos que formaram esses grupos (que tem elos em comum) como nas influências ideológicas que os nortearam, cuja abordagem foge dos objetivos desse artigo.
Aqui interessa apenas lembrar que o Movimento Homossexual, que nasce em 1978 e tem seu pico de expansão em 1980, começa a declinar a partir de 1981, mergulhando numa grande crise até 1983/84, devido a conflitos internos e a duas questões que se mesclaram numa combinação explosiva: o questionamento sobre a identidade homossexual e a chegada da AIDS, alcunhada em seus primórdios de câncer gay, peste gay. De meados da década de 80 até o início da década de 90, o Movimento Homossexual viverá numa espécie de limbo político, subsistindo graças aos esforços heróicos de grupos como o GALF (SP), GGB (BA), Triângulo Rosa (RJ) e Dialogay (SE), embora outras agremiações femininas, masculinas ou mistas tenham surgido nesse período, todas contudo de vida efêmera.
Por outro lado, o Movimento Feminista (MF), para onde as lésbicas migram por falta de opção inclusive, vive seu ápice na década de 80, ocupando na mídia, ainda que de forma mais modesta, o lugar que hoje ocupa o Movimento LGBT, com feministas escrevendo em colunas na grande imprensa, coordenando programas de TV e tendo suas reivindicações sendo incorporadas à sociedade em geral.
No que tange às lésbicas, contudo, o Movimento Feminista foi uma verdadeira madrasta. Após o impacto do aparecimento do subgrupo lésbico-feminista em eventos feministas, em 1980, o MF vai absorver individualmente as militantes do LF bem como de outros grupos lésbicos que existiam então (Terra Maria) ao mesmo tempo em que despolitiza a questão lésbica. Ainda que permitindo uma ou outra palestra ou oficina lésbica em seus encontros ou mesmo dando apoio eventual a manifestações lésbicas (como a do 19 de Agosto), liberalidades sempre seguidas da admoestação de que a questão de gênero era a mais importante e não havia espaço para grupos lésbicos específicos, a política do Movimento Feminista para lésbicas, durante toda a década de 80 e 90, posição só alterada em 2002, foi a da invisibilidade. As feministas homossexuais, em número razoável dentro do MF, ou simplesmente se omitiam sobre a questão lésbica (como se não tivessem nada com isso) ou hostilizavam abertamente todas as tentativas de politização do assunto.
São Paulo, 29 de agosto de 2006
Fonte: Um outro olhar.
Do site do PSTU
O MOVIMENTO NO BRASIL
"Em 1977, os estudantes tomavam as ruas para exigir a anistia dos presos e exilados políticos. Era o começo do fim da ditadura. A retomada do ascenso fez com que diversos setores da sociedade buscassem se organizar. A imprensa "alternativa" se multiplicou rapidamente. E os setores oprimidos e explorados da sociedade exigiam seu espaço. Em meio à este processo surgiu o jornal Lampião de Esquina, com o objetivo de enfocar a luta de todos os chamados "setores oprimidos" (mulheres, negros, índios e homossexuais) mas que, na prática, era quase que totalmente voltado para a comunidade homossexual. A idéia inicial de lançamento do jornal "nasceu" com a visita de um jornalista gay norte-americano, Winston Leyland, que veio à América Latina, no final de 1977, para recolher material para escrever uma antologia sobre a produção literária de autores homossexuais. Sua visita acabou desencadeando a reunião de um grupo de jornalistas, escritores e intelectuais responsável pelo lançamento do número zero do jornal em abril de 1978.
Além do surgimento do Lampião, outros fatores iriam contribuir para a formação do primeiro movimento homossexual brasileiro. Também em abril de 78, entre os dias 24 e 30, a revista Versus promoveu um ciclo de debates denominado "Semana do Movimento da Convergência Socialista", cujo o objetivo era elaborar a plataforma política de um futuro Partido Socialista Brasileiro. Durante estes debates um "incidente" provocado pela não convocação do Lampião, acabou resultando em uma intensa discussão sobre o relacionamento entre a esquerda e os homossexuais. A grande importância desde debate foi que ali se deu a primeira discussão pública sobre a homossexualidade e seus aspectos políticos.
Após este debate um grupo integrado por dois editores do Lampião, e outro homossexuais fundaram o Núcleo de Ação pelos Direitos Homossexuais, que apareceu à público pela primeira vez para denunciar a forma preconceituosa como o jornal Notícias Populares tratava os homossexuais. Em dezembro de 78, o grupo passa a adotar o nome de SOMOS - Grupo de Afirmação Homossexual. E em fevereiro de 1979, após a participação em um ciclo de debates na Universidade de São Paulo, o SOMOS cresceu significativamente, reunindo cerca de 100 homossexuais (aproximadamente 80 homens e 20 mulheres).
Desde sua fundação, um setor do SOMOS havia privilegiado uma atuação estreitamente ligada aos setores oprimidos da sociedade, as mulheres e os negros (apesar de que nem sempre tenha havido reciprocidade nesta tentativa). A primeira aparição pública do SOMOS, em uma mobilização, se deu no dia 20 de novembro de 1979 (Dia de Zumbi dos Palmares, ou Dia Nacional da Consciência Negra), em uma passeata convocada pelo Movimento Negro Unificado. Nesta passeata os ativistas do SOMOS portavam uma faixa onde se lia "Pelo fim da discriminação racial - SOMOS - Grupo de Afirmação Homossexual."
FONTES:
Dyer, Richard, "Now you see it: Studies on Gay and Lesbian Films", London, Routledge, 1990.
Lima, Delcio Monteiro, "Os homoeróticos", RJ, Francisco Alves, 1983.
MacRae, Edward, A construção da Igualdade: Identidade Sexual e Política no Brasil da "Abertura", Campinas, Editora da Unicamp, 1990.
Mantega, Guido (coord), Sexo e Poder, SP, Brasiliense, 1979
Míccolis, Leila & Daniel, Herbert, Jacarés e Lobisomens: dois ensaios sobre a homossexualidade, RJ, Achiamé, 1983
Okita, Hiro, Homossexualismo: da Opressão à Libertação, SP, Proposta Editorial, 1981.
Perlongher, Nestor, O Negócio do Michê, SP, Brasiliense, 1987
Trevisan, José Silvério, Devassos no Paraíso: a homossexualidade no Brasil, da Colônia à atualidade, SP, Max Limonad, 1986.
"Em 1977, os estudantes tomavam as ruas para exigir a anistia dos presos e exilados políticos. Era o começo do fim da ditadura. A retomada do ascenso fez com que diversos setores da sociedade buscassem se organizar. A imprensa "alternativa" se multiplicou rapidamente. E os setores oprimidos e explorados da sociedade exigiam seu espaço. Em meio à este processo surgiu o jornal Lampião de Esquina, com o objetivo de enfocar a luta de todos os chamados "setores oprimidos" (mulheres, negros, índios e homossexuais) mas que, na prática, era quase que totalmente voltado para a comunidade homossexual. A idéia inicial de lançamento do jornal "nasceu" com a visita de um jornalista gay norte-americano, Winston Leyland, que veio à América Latina, no final de 1977, para recolher material para escrever uma antologia sobre a produção literária de autores homossexuais. Sua visita acabou desencadeando a reunião de um grupo de jornalistas, escritores e intelectuais responsável pelo lançamento do número zero do jornal em abril de 1978.
Além do surgimento do Lampião, outros fatores iriam contribuir para a formação do primeiro movimento homossexual brasileiro. Também em abril de 78, entre os dias 24 e 30, a revista Versus promoveu um ciclo de debates denominado "Semana do Movimento da Convergência Socialista", cujo o objetivo era elaborar a plataforma política de um futuro Partido Socialista Brasileiro. Durante estes debates um "incidente" provocado pela não convocação do Lampião, acabou resultando em uma intensa discussão sobre o relacionamento entre a esquerda e os homossexuais. A grande importância desde debate foi que ali se deu a primeira discussão pública sobre a homossexualidade e seus aspectos políticos.
Após este debate um grupo integrado por dois editores do Lampião, e outro homossexuais fundaram o Núcleo de Ação pelos Direitos Homossexuais, que apareceu à público pela primeira vez para denunciar a forma preconceituosa como o jornal Notícias Populares tratava os homossexuais. Em dezembro de 78, o grupo passa a adotar o nome de SOMOS - Grupo de Afirmação Homossexual. E em fevereiro de 1979, após a participação em um ciclo de debates na Universidade de São Paulo, o SOMOS cresceu significativamente, reunindo cerca de 100 homossexuais (aproximadamente 80 homens e 20 mulheres).
Desde sua fundação, um setor do SOMOS havia privilegiado uma atuação estreitamente ligada aos setores oprimidos da sociedade, as mulheres e os negros (apesar de que nem sempre tenha havido reciprocidade nesta tentativa). A primeira aparição pública do SOMOS, em uma mobilização, se deu no dia 20 de novembro de 1979 (Dia de Zumbi dos Palmares, ou Dia Nacional da Consciência Negra), em uma passeata convocada pelo Movimento Negro Unificado. Nesta passeata os ativistas do SOMOS portavam uma faixa onde se lia "Pelo fim da discriminação racial - SOMOS - Grupo de Afirmação Homossexual."
FONTES:
Dyer, Richard, "Now you see it: Studies on Gay and Lesbian Films", London, Routledge, 1990.
Lima, Delcio Monteiro, "Os homoeróticos", RJ, Francisco Alves, 1983.
MacRae, Edward, A construção da Igualdade: Identidade Sexual e Política no Brasil da "Abertura", Campinas, Editora da Unicamp, 1990.
Mantega, Guido (coord), Sexo e Poder, SP, Brasiliense, 1979
Míccolis, Leila & Daniel, Herbert, Jacarés e Lobisomens: dois ensaios sobre a homossexualidade, RJ, Achiamé, 1983
Okita, Hiro, Homossexualismo: da Opressão à Libertação, SP, Proposta Editorial, 1981.
Perlongher, Nestor, O Negócio do Michê, SP, Brasiliense, 1987
Trevisan, José Silvério, Devassos no Paraíso: a homossexualidade no Brasil, da Colônia à atualidade, SP, Max Limonad, 1986.
Teka, Marisa, Cristina, Nádia, Conceição, Míriam
Relação de grupos de ativismo homossexual surgidos a partir da divulgação da experiência do Somos/SP in Uma Conversal Informal sobre Homossexualismo. Rita Colaço. RJ: do autor, p. 64.
Míriam Martinho disse...
Rita, boa noite!
Só um reparo: o lésbico-feminista se iniciou em maio de 1979 não em dezembro, ok?
Abraço,
Míriam
27 de abril de 2009 22:47
R.Colaço disse...
Míriam, Boa Noite!
A primeira referência que encontrei no Lampião sobre o Lésbico-Feminista é no nº 16, de setembro de 1979. Trata-se de uma matéria do Somos falando de sua estrutura organizativa e atividades e nomeando os subgrupos existentes.
Ali ele é tratado como: "[subgrupo de] Atuação Lésbico-Feminista".
28 de abril de 2009 22:02
R.Colaço disse...
Míriam, há registro no Lampião de mulheres no Somos/SP nos números:
Nº 13, Junho de 1979, pág. 5
“Viva São Paulo – Um Roteiro para Mulheres”
Autoria: “nós, as mulheres homossexuais que participamos do número anterior deste jornal”.
Entrevistas com Teka, Marisa, Cristina, Nádia, Conceição, Míriam.
Se foi publicado em junho, presume-se que tenha sido fechado em maio.
Nesta matéria, as mulheres afirmam sua participação em matéria publicada no número anterior, maio, presumivelmente fechado em abril.
Contudo, não assinam enquando subgrupo ou grupo lésbico-feminista, mas, sim, como "grupo Somos".
28 de abril de 2009 22:29
Míriam Martinho disse...
Rita,
o marco inicial do LF é a matéria que saiu no Lampião de maio de 79 (Amor entre Mulheres, Só queremos ser entendidas). Em abril desse ano, as mulheres do Somos se reuniram para fazer essa matéria e, a partir daí, continuaram juntas e formaram o lésbico-feminista.
Então, o LF nasce realmente em maio de 1979, mas há um fato curioso sobre o grupo: ele teve quase tantas denominações quantos anos de vida...rsss Listei algumas delas em uma matéria que fiz para a revista Um Outro Olhar.
Nessas, algumas vezes, o grupo aparece só como mulheres do Somos, núcleo lésbico-feminista do Somos, facção lésbica-feminista do Somos, etecetera. Depois que o grupo oficializa sua saída do Somos, em maio de 80, e se assume como grupo lésbico-feminista também continuaram a aparecer variações do nome. Coisas da época...rssss
Abs,
Míriam
Míriam Martinho disse...
Rita, boa noite!
Só um reparo: o lésbico-feminista se iniciou em maio de 1979 não em dezembro, ok?
Abraço,
Míriam
27 de abril de 2009 22:47
R.Colaço disse...
Míriam, Boa Noite!
A primeira referência que encontrei no Lampião sobre o Lésbico-Feminista é no nº 16, de setembro de 1979. Trata-se de uma matéria do Somos falando de sua estrutura organizativa e atividades e nomeando os subgrupos existentes.
Ali ele é tratado como: "[subgrupo de] Atuação Lésbico-Feminista".
28 de abril de 2009 22:02
R.Colaço disse...
Míriam, há registro no Lampião de mulheres no Somos/SP nos números:
Nº 13, Junho de 1979, pág. 5
“Viva São Paulo – Um Roteiro para Mulheres”
Autoria: “nós, as mulheres homossexuais que participamos do número anterior deste jornal”.
Entrevistas com Teka, Marisa, Cristina, Nádia, Conceição, Míriam.
Se foi publicado em junho, presume-se que tenha sido fechado em maio.
Nesta matéria, as mulheres afirmam sua participação em matéria publicada no número anterior, maio, presumivelmente fechado em abril.
Contudo, não assinam enquando subgrupo ou grupo lésbico-feminista, mas, sim, como "grupo Somos".
28 de abril de 2009 22:29
Míriam Martinho disse...
Rita,
o marco inicial do LF é a matéria que saiu no Lampião de maio de 79 (Amor entre Mulheres, Só queremos ser entendidas). Em abril desse ano, as mulheres do Somos se reuniram para fazer essa matéria e, a partir daí, continuaram juntas e formaram o lésbico-feminista.
Então, o LF nasce realmente em maio de 1979, mas há um fato curioso sobre o grupo: ele teve quase tantas denominações quantos anos de vida...rsss Listei algumas delas em uma matéria que fiz para a revista Um Outro Olhar.
Nessas, algumas vezes, o grupo aparece só como mulheres do Somos, núcleo lésbico-feminista do Somos, facção lésbica-feminista do Somos, etecetera. Depois que o grupo oficializa sua saída do Somos, em maio de 80, e se assume como grupo lésbico-feminista também continuaram a aparecer variações do nome. Coisas da época...rssss
Abs,
Míriam
Ação lésbica-feminista no Brasil
Um outro olhar, online
Abaixo, sumário cronológico da organização lésbica no Brasil que permanecerá aberto a acréscimos e atualizações. Envie sua contribuição!
Anos 80 - Organizações
1979-1981 – Grupo Lésbico Feminista (LF) – SP
1981-1988 - Grupo Ação Lésbica Feminista(GALF-SP)
Grupo Terra Maria Opção Lésbica (SP)
Grupo Libertário Homossexual (BA)
Grupo Terceira Dimensão (RS)
Grupo Gaúcho de Lésbicas Feministas (RS)
Rede de Informação Um Outro Olhar (1989 – gestão)
- - -
As literatas
O primeiro grupo de lésbicas no Brasil, foi organizado em São Paulo, na década de 60:- AS GRACIOSAS-: acolhendo as lésbicas discriminadas pela sociedade, expulsas de seus lares, quando assumiam seu amor pelas iguais.Não era um grupo formatado politicamente, não havia estatuto /regimento interno, o que comandava a ação destas nossas percussoras era a emoção, eram militantes do sentir pleno, da solidariedade, da resistência.
- - -
DOCUMENTO E IDENTIDADE: O MOVIMENTO HOMOSSEXUAL NO BRASIL NA DÉCADA DE 80
ELAINE MARQUES ZANATT
Em meados de 1985, iniciaram-se os convites para as doações e o recolhimento dos acervos do movimento homossexual, por iniciativa do professor Marco Aurélio Garcia, na época diretor docente do Arquivo Edgard Leuenroth. A notícia de que diversos grupos do movimento homossexual estariam dispostos a encaminhar, como doação, a papelada reunida durante os anos de militância veio ao encontro dos interesses do
AEL, que possuía, como um de seus temas principais, os movimentos sociais. Entre esta data e o início dos anos 90, foram doadas diversas e valiosas coleções documentais de grupos de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, trazidos ao AEL por militantes ou por seus familiares.
(...)
FUNDO OUTRA COISA
O Grupo Outra Coisa - Ação Homossexualista foi fundado em maio de 1980, em São Paulo, a partir de um racha dentro do grupo Somos, em função da não concordância com o encaminhamento político partidário que alguns participantes do grupo vinham tendo.
A documentação do Outra Coisa reúne manuscritos das reuniões de fundação do grupo, anotações de reuniões internas, de organização de eventos e encontros, listas de endereços, expedição e controle de correspondência; reúne, ainda, manuscritos do movimento homossexual sobre diversas questões, assinados em conjunto com outros grupos homossexuais; e também, manuscritos dos seguintes grupos: Somos, Grupo Gay da Bahia, Ação Lésbico-Feminista, Alegria, Alegria, Auê, Eros, Facção Homossexual da Convergência Socialista, Grupo de Negros Homossexuais, Liga Eloinista, Somos/MA, Somos/RJ, Terra Maria - Opção Lésbica e do Movimento Homossexualista Autônomo; correspondência ativa (1981 a 1983), passiva (1980 a 1984/1990)32 e de terceiros (1982 a 1986); textos diversos; panfletos do movimento homossexual, feminista e de outros movimentos sociais; dossiês: Cisão do grupo Somos, Memória do Movimento Homossexual, Bandeirante Destemido - o Guia Gay de São Paulo, de 1981, Movimento Homossexual de Barcelona, Literatura e Poesia Homossexuais, Richetti, Chrysóstomo; recortes variados cobrindo toda a década de 80, organizados na sua origem por tema de interesse. A coleção possui também livros, folhetos e periódicos.
O Fundo Outra Coisa contém a documentação pessoal de Zezé Melgar. Esta documentação está apresentada como uma série documentação pessoal e reúne sua correspondência no período entre 1969 a 1987; bilhetes, anotações pessoais e de reuniões, textos, alguns dossiês, tais como: religião e movimento de mulheres e publicações do Movimento Homossexualista Autônomo.
Abaixo, sumário cronológico da organização lésbica no Brasil que permanecerá aberto a acréscimos e atualizações. Envie sua contribuição!
Anos 80 - Organizações
1979-1981 – Grupo Lésbico Feminista (LF) – SP
1981-1988 - Grupo Ação Lésbica Feminista(GALF-SP)
Grupo Terra Maria Opção Lésbica (SP)
Grupo Libertário Homossexual (BA)
Grupo Terceira Dimensão (RS)
Grupo Gaúcho de Lésbicas Feministas (RS)
Rede de Informação Um Outro Olhar (1989 – gestão)
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As literatas
O primeiro grupo de lésbicas no Brasil, foi organizado em São Paulo, na década de 60:- AS GRACIOSAS-: acolhendo as lésbicas discriminadas pela sociedade, expulsas de seus lares, quando assumiam seu amor pelas iguais.Não era um grupo formatado politicamente, não havia estatuto /regimento interno, o que comandava a ação destas nossas percussoras era a emoção, eram militantes do sentir pleno, da solidariedade, da resistência.
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DOCUMENTO E IDENTIDADE: O MOVIMENTO HOMOSSEXUAL NO BRASIL NA DÉCADA DE 80
ELAINE MARQUES ZANATT
Em meados de 1985, iniciaram-se os convites para as doações e o recolhimento dos acervos do movimento homossexual, por iniciativa do professor Marco Aurélio Garcia, na época diretor docente do Arquivo Edgard Leuenroth. A notícia de que diversos grupos do movimento homossexual estariam dispostos a encaminhar, como doação, a papelada reunida durante os anos de militância veio ao encontro dos interesses do
AEL, que possuía, como um de seus temas principais, os movimentos sociais. Entre esta data e o início dos anos 90, foram doadas diversas e valiosas coleções documentais de grupos de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, trazidos ao AEL por militantes ou por seus familiares.
(...)
FUNDO OUTRA COISA
O Grupo Outra Coisa - Ação Homossexualista foi fundado em maio de 1980, em São Paulo, a partir de um racha dentro do grupo Somos, em função da não concordância com o encaminhamento político partidário que alguns participantes do grupo vinham tendo.
A documentação do Outra Coisa reúne manuscritos das reuniões de fundação do grupo, anotações de reuniões internas, de organização de eventos e encontros, listas de endereços, expedição e controle de correspondência; reúne, ainda, manuscritos do movimento homossexual sobre diversas questões, assinados em conjunto com outros grupos homossexuais; e também, manuscritos dos seguintes grupos: Somos, Grupo Gay da Bahia, Ação Lésbico-Feminista, Alegria, Alegria, Auê, Eros, Facção Homossexual da Convergência Socialista, Grupo de Negros Homossexuais, Liga Eloinista, Somos/MA, Somos/RJ, Terra Maria - Opção Lésbica e do Movimento Homossexualista Autônomo; correspondência ativa (1981 a 1983), passiva (1980 a 1984/1990)32 e de terceiros (1982 a 1986); textos diversos; panfletos do movimento homossexual, feminista e de outros movimentos sociais; dossiês: Cisão do grupo Somos, Memória do Movimento Homossexual, Bandeirante Destemido - o Guia Gay de São Paulo, de 1981, Movimento Homossexual de Barcelona, Literatura e Poesia Homossexuais, Richetti, Chrysóstomo; recortes variados cobrindo toda a década de 80, organizados na sua origem por tema de interesse. A coleção possui também livros, folhetos e periódicos.
O Fundo Outra Coisa contém a documentação pessoal de Zezé Melgar. Esta documentação está apresentada como uma série documentação pessoal e reúne sua correspondência no período entre 1969 a 1987; bilhetes, anotações pessoais e de reuniões, textos, alguns dossiês, tais como: religião e movimento de mulheres e publicações do Movimento Homossexualista Autônomo.
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