sexta-feira, 13 de agosto de 2010
A mãe do Frederico
Quando minha filha nasceu, eu morava no centro, num prédio encardido, dividindo apartamento com um músico experimental vegetariano, de bom coração mas insuportavelmente devagar. Meu salário cobria o aluguel e a faculdade, eu tinha vinte e seis anos e sabia que não me formaria nunca se não levasse aquele curso atá o fim. A mãe do Frederico se ofereceu para cuidar do bebê, mas eu me irritava com seu olhar siderado, abraços excessivos, afetiva demais. Também considerava minha mãe mais confiável: ela devolveria a menina, sem drama, quando eu tivesse um lugar decente pra instalar uma criança.
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