Naquela noite ele quis mamar, então levantei minha camisola. Eu não preciso fazer nada, meu peito tá logo ali, ele chupa. Isso sempre me faz sentir tristeza e sede. Mas elas são invertidas; a sede tem a profundidade e o tom que a tristeza deveria ter: é sede como uma dor, um lamento, um soluço. E a tristeza é pateticamente limitada ao nível da sede, é só um gole de emoção, muito encolhido num franzir de rosto, saciável. É provável que essas sensações se resolvam de um jeito lógico quando há leite no peito. Pude sentir a ereção de Carl contra meu joelho, mas esperei e, depois de um tempo, ela acabou. Ele se separou do mamilo e ficamos ali deitados na semi-escuridão que me acostumei a considerar nossa.
(trecho do conto "Mon plaisir", de Miranda July)
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